domingo, 4 de setembro de 2011

ALGUNS CONTOS


ALGUNS CONTOS

By Bràz Dy VinnuH
















“Às vezes
Minha solidão queima –
Para acalmá-la –
Invento geleiras.
Às vezes
Para tentar afogá-la –
Invento fogueiras.”

[TÉDIO - Francisco P. Santos].


















Homem – homem – amo(r) sem nome.
Tua cara – cara tara...
Não repare – pare repare –
Não pare – tare vare pari –
Cara tua tara é rara...
E tara qualquer cara de pau. Hein!
Cara? – Cara não para.
Rara tara fará – Claramente
Mente – mente – clara – clara –
Clara – clara santíssima nova –
Mente – cara – coa(dor)
Cor(ação) leão pavão fauno
Flora favo mel – Aço de papoulas –
Criador criatura criação – Criancinha lobo mau.
Wal. Varal varão verão –
Vem maciez fálica – Bélica bela comigo
Contrapartida 3, 2, 1... No fim é que se conta –
Apronta mais contigo – Comigo contigo comigo –
Cuidado frágil coraçãozinho
“Sou fera ferida”
Novamente no corpo, na alma.
Na mente e no coração
No dente tente sente tesão – Invente Não
Minta levante tua – Uva raposa fox cruz rapto
Tua pele toda – minha crina
Dosa-me calafrios arrepios
Mios – cios – rios – chios – desplante
Cante – roa – à toa. Bom – boa –
Lendário – só é possível ao peixe raro
Viver fora do aquário – de igual pra
Igualmente – tem gente que não mente
Por ser igualmente diferente – dor não
Rima com solidão rima não...
Tão bom – "Um’son" – tom
Dom dadivante levante.





[FALSA RUBRICA]
BLACK-OUT. UMA FAGULHA DE LUZ NA ESCURIDÃO. OS REFLETORES COMEÇAM A FORMATAR A LUA CANTRIZ. A LUZ AUMENTA A INTENSIDADE GRADATIVAMENTE, ATÉ CLARÃO TOTAL. MÁSCARAS. COM ÂMBAR TRANSPARENTE. QUASE FUTUROU. NÃO FOSSE O PATRIOTISMO. O CREDO. A RELIGIOSIDADE. A POLÍTICA PREGRESSOU. A LUA PARECE UMA MAÇÃ DO AMOR. VERMELHA COM COBERTURA CROCANTE E TRANSPARENTE. VISTO DE PERTO OU DE LONGE ERA ALGO EM MOVIMENTO. COM LUZ NATURALMENTE TOMADA EMPRESTADA DO SOL. ALGUNS RAIOS. ALGO ASSIM COMO UM SORRISO. UM IMPROVISO. UM AMIGO. (UMA) OUTRA METADE INIMIGO. UM AVISO. BEDOTTI. PAVAROTTI. CAMÕES. TINHA QUE SER CLARO. MISTERIOSO. DO JEITO DO CLARÃO DA LUA. AOS OLHOS DO PÚBLICO O ATOR TRANSFORMA-SE EM PERSONAGEM. TUDO ESCURO ATRÁS DO MURO. APENAS A LUZ DA PENTEADEIRA DAVA O TOQUE DE LUMINOSIDADE. O ATOR EPOA-SE. QUEM SABE ELE ESTEJA VESTIDO COM UM MANTO COM CAIMENTO. VERMELHO. AMPLO. MANGAS LARGAS. ¾ OU SÓ UM POUCO ACIMA DAS MÃOS. UMA MALHA PRETA INTEIRA. MANGAS LONGAS ATÉ ÀS MÃOS, ENCAIXANDO-SE AOS POLEGARES. NOS PÉS UMA TIRA PASSA POR BAIXO DELES. A MALHA É OPACA ASSIM COMO AS SAPATILHAS. UMA TIÁRA DISCRETA ADORNA A CABEÇA NUA.










PRÓLOGO
No clarão da lua... Só poderia ser noite. “Night” era inglês. Pedrês. Cinzazulente por detrás do purpúreo ouro da lua cantriz. Que encanta (va) interpretando tudo o que quis. – aos poetas. Loucos. Lunático. Paranóicos. Para-didáticos. “PQP”. Não era hora de abaixar o nível nivelando-se ao lado escuro da “nigth”. Recheada de açoite. Carapanã. Praga. Mosquito. Muriçoca. Pernilongos. Pênis longos. Ufa! Há quem agüente?

















CENA I
O autor senta-se diante da máquina de escrever. Um foco de luz vermelha. Começa a trabalhar. Datilografa. Erra. Tira o papel. Amassa-o. Joga-o fora. Uma montanha de papel amassado ao seu lado. Música de Astor Piazzola ou um flamenco mais frenético possível. No fundo um telão. Nele projeta-se um autor atualmente informatizado. Plugado. Cheio dos recursos. O autor debruça-se sobre a máquina e dorme. (BLACK-OUT).














MOVIMENTO I
Crianças brincam de todo bicho. Cabra cega. Pega-pega. Pique. Pira. Marmanjos brincam de esconde-esconde. Não muito antigamente, não aconselhava essa brincadeira. Pelo fato de dar muita margem as iniciativas sexuais. Sacanagem mesmo. “Putaria”. Esfrega-esfrega. Mão na “bunda”. Mão no pau. Pau no pau. Roça-roça. Troca-troca. Beijos tímidos. Roubados. Safados. Fálicos. Lambidos. Molhados. Tarados. Melados. Gozosos. Gozados. Quem não gostava? _Ficava de fora. _ também nunca chegaria, a saber, o que era a deliciosidade do sabor cítrico da clandestinidade, cometida nas quase todas as noites de lua...














CENA II
O autor disfarçado em outras roupas, agora viaja em um trem – (MÚSICA/TRENZINHO CAIPIRA). Outro homem viaja na mesma cabine. Os dois sentados frente a frente. Examina um ao outro dos pés à cabeça. Os dois ao mesmo tempo seguram suas malas como se estivessem protegendo-as de um suposto assalto. O trem pára. Os dois descem e seguem em direção contrária. –Abraçados às suas malas – observando para trás como se estivessem sendo seguidos. (A LUZ CAI).















MOVIMENTO II
Parece (ria) ser inda gora. “Homem” escrito em azul forte. Graças a um artista gráfico. a revista do homem (em azulito). Nº. 13 de agosto de 1969 exibia um homem. Largo bonito sorriso na cara, elegantemente (mam). Verdugo (nhosamente) quebrava a cabeça da mulher para trás dos ombros... Costas... Ancas... Quartos... Quintos atributos de uma fêmea. Nua. Nuda. Pelada. Descascada. Ela não estava no contexto inicialmente “fêmea”. Sim mulher, sem qualitativo. Agora, quantitativo... quanta bunda e tetas. Era só a capa da revista HOMEM escrita em azul. Apimentada. Afrodisíaca. Quente. Respiração ofegante. Mexidos internos. O pulso ainda pulsa Arnaldo. Expulsa a dor. A glande dilata. Ata. Palpita coração. Sensação esquisita. A boca treme. Seca. Sede. Precipita-se um vai e vem frenético. Vem. Pára. Exala. Sabor almiscarado. Cor opaca. Gosto estranho e bom.














CENA III
O autor está sentado em um banco de praça, com a mala ao lado. Um saquinho de milho na mão, alimentando pombos. (A LUZ CRESCE ATÉ UMA TONALIDADE ENTRE O AMARELO E CINZA) – homem entre mago, louco e feiticeiro entra em cena com um turíbulo na mão defumando o ambiente. (MÚSICA AO FUNDO). Ao passar perto daquele que já encontrava na praça, percebe-se o desconforto do autor que solta o saquinho de milho. Apressando-se em segurar e proteger a mala. O mago observa estranhamente sem deixar de andar. O autor um pouco sorridente se levanta do banco, sai fazendo passos de dança um pouco estranho. (B.O).













MOVIMENTO III
A lua refletia sua cor de prata e ouro no espelho rasgado pelo tempo. O sonho já se fora. Havia plantado várias árvores. Agora escrevia, se não um livro, UNS CONTOS. De réis. Reis. Rês. Algum haveria de conquistar, pois merecia. Ao ter optado por “isto ou aquilo”. Não acreditaria no discurso de não-ação? – ora não. “Pôrra” meu, É (ra) de revoltar. Adorar Scorza, Mailer, Jean Genet, Pêssoa, Ramos, Matos, Amado num dia de cão. Tâmara Taxan – Fernanda. (A REVISTA À MÃO. QUALQUER COISA, OUTRA FOLHEADA).















CENA IV
O despertador toca. O homem atira o travesseiro no relógio, que cai fazendo um barulho estrondoso, como se estivesse sendo desmontado devido ao impacto. O homem levanta, espreguiça, vai ao banheiro, urina, sacoleja para não molhar a roupa. Lava a mão volta e tradicionalmente prepara o café. Serve ao público (da primeira fila). Muda de roupa. Passa trajar bermuda, camiseta, boné. Assovia chamando o cachorro. Sai de casa para passear. Caminha tranquilamente entre as pessoas. O cão puxa abruptamente a corrente quase levando o seu dono ao chão. O cachorro late para alguém ou coisa oculta. Foge deixando o homem sem ação. Som de carro atropelando o cachorro. Impacto forte. Morte instantânea. Música comovente. Homem chora a perda, suspira a perda. Como se dissesse: foi bom enquanto durou. (MUSICA) ele sai dançando com passos estranhos.














MOVIMENTO IV
Ele não tinha motivo para comover-se. Mas, haveria de estar em MOVIMENTO, ora chorando, ora cantando, ou sorrindo. Ainda que no lançamento ao vento ou ao lixo. Depende do entendimento. Sentimento. Somos muito racionais. Que droga que nada. Quando é que doidos e livres caminharão juntos, numa mesma carroça? Limusine? Jatinho? Helicóptero. Cruzeiro. Trem em movimento, satisfeitos pelo que são e podem fazer não pelo que possuem? A não ser o dom de escrever de verdade. Algo que ficou para Augusto dos Anjos, Joyce, Adonias Filho, Poe, Pound. A caminhada é a mesma. Só mudam os tripulantes. Ativos. Passivos. Com ou sem juízo. Questão de sorte. Oportunidade ou morte. Uns vão. Gozam. Provam. São bons. Fizeram. Fazem. Aconteceram. Acontecem. Tecem. Outros ficam. Às vezes lhes falta passagem de ônibus. Navio. Circular. Trem. Amém. Amém!












CENA V
Entrando em casa, liga a TV. No ar, matéria sobre queimada. Levanta-se da cadeira ou rede. Corre em círculo pelo espaço, pega um regador de flores, enche-o de água. Quando vai saindo, pára. Volta, olha mais uma vez para o noticiário. Procura desesperadamente algo. Encontra um penico que bota na cabeça e sai correndo como se cavalgasse num cavalo de pau. (SONOPLASTIA).
















MOVIMENTO V
Besteira. Dinheiro para ir a Londres falar com Marcio Sousa. Garcia Márquez – Mais fácil um encontro com Shakespeare. Quem sabe um vinho com Salomão. Diante Dele, pedindo direção. Orientação. Proteção. Sabedoria. O Homem não sabia o que fazer. Rezar ou chorar? Outra vez os pulsos cortar? Enfiar o dedo no anel e converter-se ou comover-se ao cometer um casamento? Só se topasse uma parada que conciliasse o lado privado, a fim de manter-se do próprio marketing. Um escândalo arrojado. Uma história mal escrita vira livro. Dá dinheiro. Quem sabe assim? Ele arquitetava. Não seria necessário o escândalo do casamento arranjado. Mas sim o escândalo do conto nos jornais, revistas, exposições, folhetins. O ideal era não perder tempo e divulgar. Visualizar. Aí o escândalo poderia levar ao casamento que não fosse comum. Que celebre a liberdade. Respeito. Nada de opressores nem oprimidos. Onde pudesse perceber ao longe, mesmo que só sobre o luar da lua cantriz que encantava males e relaxos desejos... Voluptuosos. Onde machos bichos fêmeas índios castos deuses reis ateus bandidos mocinhos heróis negros amarelos vermelhos brancos ricos pobres domésticos engraxates garis guris santos profanos doidivanos vilões e toda raça humana possa apertar as mão e dizer até sempre!











CENA VI
Volta exausto com o rosto todo sujo de cinzas. Atira o penico e o regador por sobre algum móvel. Começa a tirar a roupa. Primeiro a camisa. O sapato. Quando vai tirando “as calças”, lembra que está sendo assistindo pelo público e que talvez ele não seja ator, pára. Vai ao banheiro, fecha a porta, só se vê uma sombra em movimento de despir-se. Batidas à porta. Ele fica assustado. Olha de um lado para o outro. Encena que vai até a janela. Tenta abrir e não consegue. As batidas continuam na porta. Cada vez mais apavorante e ele apavorado. Põe-se a vestir-se desesperadamente. (MÚSICA EXPRIMETAL FATO). Mudanças para alívio imediato. Cessam-se as batidas na porta. Fica um pouco mais tranqüilo. Volta a tirar a roupa. (NO BANHO). Sombra de uma pessoa que espia. Suspense. A sombra se aproxima sem ser notada. Cada vez mais. Aumenta a música. A sombra aproxima. Um grito ensurdece a platéia.














MOVIMENTO VI
Pensando em como executar seus planos, o homem sentindo-se cansado, sorriu. Vida de autor é dura. Tinha que dar nó em pingo d’água. Coincidência ou não, ele iria dormir com aquela idéia na cabeça de vento. Funcionaria. O autor não debruçara sobre a mesa por falta desta. Guardou a caneta BIC que deu uma força na escrita. Coçou o saco com vontade. Se continuasse gozaria outra vez involuntariamente. Autômato cortou a ponta do baseado com a tesoura. Acendeu e fumou tragando profundamente. Folheia uma revista, bebe uma cerveja, ao fundo, um porta-retrato com a foto do perfil de um moço louro, como que fazendo pose de movimento de atividade marcial, bem no canto da foto. Para frente.


















CENA VII
Um homem vestido de vestido branco. Com possibilidade de ter um anjo e um diabo disputando a alma do dito ser emblemático que gritara de medo no banheiro. Disputam de forma descarada na cara ou coroa. O anjo vence. O diabo ainda tenta trapacear. Não consegue. A alma se salva. O anjo sai abraçado ao homem dançando e fazendo os mesmos passos estranhos conforme a orientação do diretor. (B.O).
















MOVIMENTO VII
Agora era hora de pensar em sobrevivência. Se sobrasse tempo, dedicaria seu tempo integralmente ao ofício de escrever maluquices, sonhos, fantasias, ele gostaria de mostrar um trecho de alguma de suas histórias absurdas, que falasse de possibilidade de haver espaço para cada estrela ou constelação de cada um onde os direitos e deveres fossem iguais e sem trapaça. Que ninguém fosse apenas espectador de seus filmes, sim, que pudessem protagonizar o espetáculo da vida e da morte em sua totalidade. No clarão da lua.















CENA VIII
O autor acorda assustado. Verifica o próprio corpo. Espantado. Como se dissesse: ESTOU VIVO. Graças. Foi apenas um sonho. Conclui o seu trabalho feliz da vida. A música aumenta, o autor sai dançando aqueles passos de dança
maluca do sonho. (BLACK-OUT).















ÚLTIMO MOVIMENTO
A LUZ ACENDE. BLACK-OUT. UM PINGO DE LUZ NA ESCURIDÃO. OS REFLETORES COMEÇAM A DAR FORMA A LUA DO ÍNÍCIO. UM CLARÃO. LUZ COR DE OURO. A SOMBRA DE DOIS HOMENS DE MÃOS DADAS SURGE DO FUNDO, CAMINHANDO EM DIREÇÃO DA PLATÉIA. SUGERE QUE ELES ESTÃO SE APRESENTANDO AO FINAL DO ESPETÁCULO. A MÚSICA SOBE. LUZ NA PLATÉIA. (SUGESTÃO: HOLOFOTES DEVEM INCOMODAR A VISÃO DO PÚBLICO, POR UM CURTO ESPAÇO DE TEMPO, E RETORNAR EM CLIMA AMENO DE FINAL DE ESPETÁCULO).

FIM









Vilhena, 28 de janeiro de 2006.
Ladeira do Suspiro
Estação das águas


sábado, 2 de julho de 2011

para qualquer ordem

faça contato
cia.abrazos@gmail.com
http://efemeraidade.blogspot.com

orkut - início

orkut - início

a vida é eterna e tem gente que ignora.

PARA(ú)NA - Parte IV




CENA ÚNICA

BLUENTE:
No frontal, horizonte
no mar, pontes.
No phoênix, cinzento...
renasce,
“por que
o amor quando paixão
tem que doer
ao invés de aliviar?”

LIBERTARD:
“Palavras
que curam
el alma
alma que siente
pavor a esse hombre
desconecido.

BLUENTE:
Neste bar
não há mar
só luar.
Da mesma cor.

LIBERTARD:
Não havendo mares
só andares
viveres
sentires.
“Acontescências”
cotidianas
doidivanas
não mundanas.
Profanas.

BLUENTE:
Bip... bip... bip...
meu radar
tatam começa a detectar
a presença de algum ser
do meu planeta original...
... por aqui... Bip... bip... bip...

LIBERTARD:
Andei aos montes
naveguei oceanos
demolindo obstáculos...
então compreendi
a reverência ao sol.
Sonhei outra vez
caminho aberto
vai dar no coração.

BLUENTE:
Abriu a fábrica dos sonhos.
Liberados os poemas.
A alma sorrindo.

LIBERTARD:
Sorriu bonito
sacudiu a beça
minha cabeça Eça
Eu...
Chegou-me.
Pôs-se a olhar-me.
Buscando banalidade...
Não tem. Amém!
Concordei ao concordar.
Ele partia
deixando-me na mão
seu perfume
presente na mente
sua cara de contentamento.

BLUENTE:
TAOvez volte
Outra vez
Japonês.
Hai kai
brotou em mim
o riso por isso
sem sacrifício.

LIBERTARD:
A lua
nem saiu
do lugar... ma(i)s
me olha
do lado de lá.

BLUENTE:
Mais que amor.
Ma(i)s que amor.
Mais...

LIBERTARD:
Quero quebrar tijolos
derrubar redomas
romper correntes
olhar de frente.
Caminhar contente
abraçar gente.
Não morrerei de tédio.

BLUENTE:
Um café.
Um teatro.
Um artista.
Um espetáculo.
Uma paixão.
Uma separação.
Um crime.
Um flagrante.
Envolvimento sentimental.
Inocente suspeito capital.
Uma fuga.
Uma ajuda.
Um RG.
Um CPF.
Um título.
Um fio suspeitoso.

LIBERTARD:
A polícia policia
os transeuntes.
As vias.
As vidas.
(indevidamente).
As Marias.
Os homens.
Os nomes. Os tios...
as crianças, a geriatria.
A polícia não policia.
O que devia:
A luta dos desvalidos.
Na lida da vida.
Os fudidos.
A gora não vingaria,
hematomas doeriam
mais na cor
do que na alma.
Mascararia.

BLUENTE:
Justa-pomos
nossos rubis
qual guris.
Ambos febris.
Justamente pomos
nossos ossos
em lençóis de (nós dois).
Puro azeviche... vixe... sós.
Meu corpo sob o teu
corpo sob o meu corpo
atuas.

LIBERTARD:
Eu avesso teço
terço - Tércio -
Eu vi(ver)-te(cido).
No corpo o gosto.
Na carne o gozo.
Ventania que complica...
implicados tudo bem.
Conquistados pelo trem que te dá a vida
ao ser sentida pela crueza da lida.

BLUENTE:
Na boca, alfaces.
Nossas línguas.
Nossas facas.
Meus nervos implodem
de aço...
Aquilo que sinto.
Medo?
Sem ofender nem perder.
Causa: suaves toques.
A cura do maldito.
O bom pecado santo.
Foram tantos os poemas
mal escritos... a
tintas descoloridas,
letras tantas e perdidas.
Tortos.
Tronchos.
Sofridos.
Bombom - papo - chocolate.
Algo em movimento.
Disparado. Encantado!
O que era escondido,
aí, na cara.
Brincando sempre...
gato e rato.

LIBERTARD:
Malditos olhos que embriagam-me
seduzindo
o homem frágil que me porto.
Danados modos.
Bandidos somos nós
os culpados.
Mil vezes maldito
o Ephebo
que adentrou minha alcova
fazendo se passar por poeta.
Conduzindo-me
ao meu próprio leito.
Manipulando meu corpo nudo.
Éramos dois homens nus,
corpos degustados
seres apaixonados
relapso de amor.
Flor em flor
capim e terra.
Maldito outra vez
meu parceiro “princês”
(que seja o último
pois não foi o primeiro).
Bendito momento
único de gozo.
Felizmente ele se foi,
e o barco de papel crepom
que minha vida embarca,
navega pôr mar(és) de solidão.

BLUENTE:
Esse poemalho
ampara
o próprio.
Que nem sempre
é nosso.
Como deveria.

LIBERTARD:
Me dê o cardápio.

BLUENTE:
Sim.

LIBERTARD:
Obrigado!

BLUENTE:
Está faltando alguma coisa?

LIBERTARD:
O telefone da SUNAB.

BLUENTE:
Com o telefone da SUNAB é mais caro?

LIBERTARD:
Poema-hiperinflacionado.

BLUENTE:
Sai ou não sai?

LIBERTARD:
O meu caminho
é um poema
de capim-santo.
O meu capim
uma trilha...
eu andarilho
quase errante.

BLUENTE:
Meus pés nus
lentamente percebem
o caloroso chão.
Igual fogo
ou não.
Apenas terra.
(O AUTOR SENTE SAUDADES
DO AMIGO AUSENTE,
QUE TE SERVIA DE PARENTE
MAIS PRÓXIMO. QUE LHE INSPIRAVA.
EXPIRAVA A PACIÊNCIA.
POETIZA. HAIKAIZA OU HAIKANIZA[VA]).

OFF (VISUAL)
1 - ALUGUEL - LEGENDADO.
(QUARTO DE ALUGUEL RETRO-PROJETOR).

OUTRO:
(QUARTO) de aluguel.
(Um cara enche o saco) de papel.
A mãe.
E o saco.
Total: sacos e pênis erectos.
(ORAL. VISUAL. PLÁSTICO. CÊNICO).
(“A CASA REMONTA
QUADROS DE DALI
PERSONAGENS AÉREAS
SOBREVOAM AO MODO LUNAR
CRIA-SE IMAGENS BATISMAIS
VIOLA-SE O CÓDIGO DE POSTURA PUDORADA).
- salto o muro
assalto um jardim suspenso.
Roubo-lhe uma flor
e quero ser
igualmente diferente”.

ATUALIDADE.
UM QUARTO. UM APARELHO DE RÁDIO A PILHA COM ANTENA.
UM HOMEM. OUTRO. DOIS.

UM:
Como será que nos vimos?

OUTRO:
Pela primeira vez?

UM:
Olho no olho.

OUTRO:
Poucas palavras.

UM:
Chaves.

OUTRO:
Literatura.

UM:
Bocage.

OUTRO:
pensava, Um...

UM:
Outro,
compartilhavas.

OUTRO:
Atuava.

UM:
Leminski.

OUTRO:
Quintana...

UM:
Pessoa.

OUTRO:
Atoa.

(O OUTRO. SE EXIBE. DESPE.
ENQUANTO UM LIGA O RÁDIO.
PROPAGANDA.
CHIADO DE RÁDIO VELHO. ETC.).

LOCUTOR:
Com amor e com afeto
piso o teto
[“ESSE CARA”].*

OUTRO:
“A que esse cara tem
me consumido
a mim
e a tudo que eu fiz
com teus olhinhos
infantis
com os olhos de um bandido.
Ele está na minha vida
porque quer
eu estou pro que der
e vier...
Ele chega
ao anoitecer
quando vem a madrugada
Ele some
ele é quem quer.
Ele é o homem
eu sou apenas
(o que ele quer)
uma mulher.”
(*música de Caetano Veloso)

(UM TOMA BANHO.
MÚSICA:
“UM XODÓ”
QUEBRA DE LUZ.
REACENDE AMARELA).

OUTRO:
(EXPRESSÃO DE QUEM FEZ
MUITO ESFORÇO FÍSICO)
_ Me arranje algo
para secar o suor.

UM:
Pegue minha camisa.

OUTRO:
Sua camisa?

UM:
Seque teu suor.

OUTRO:
Nos teus panos?

UM:
Salva-me.

OUTRO:
Como?

UM:
Seja minha danação.
(A LUZ FICA TRÊMULA)
O suor do teu corpo
na minha roupa...
Une o teu ao meu suor.
OUTRO:
(TIRA A ROUPA E SE ARRUMA).
_ Tudo certo
2 + 2 são 5
que a Gal não se atreva.
Quem ela pensa ser
que eu não sou
quem um dia fui
que os homens
sejam afáveis com as mulheres
que por eles
as mulheres sejam tratadas
com carinho.
Que o filho só diz
a verdade
o covarde é aquele
que não mente
sofre calado
porque é real.
2+2 são 4
HARMONIA. Amor.
Verdade e justiça.
2-(menos)2 são 5
as pontas da estrela de
Salomão.
Alquimia.

UM:
Eu sei
vem de ti
a decisão de ser
o que sinto é forte e grande
de dentro pra fora
enormemente
neste momento
exato, farto-me
de pó de vidro, cicuta...
escuta-me esta metáfora
quero alguém
que me ame
de verdade
por inteiro
não pela metade.

OUTRO:
O sol lambeu minha cara
beijou meu corpo
festejou em mim.
Olhei no espelho
apaixonei-me pôr mim
vi-me inteiro
encantado
com tanta beleza
era eu o homem
de mim mesmo
aberto a outro homem
belo pôr dentro
puro por fora
companheiro
amado companheiro
nosso amor verdadeiro.

UM:
Te quero inteiro
te quero
como quero
tu és meu amuleto
de sorte
meu querubim
primeiro.


OUTRO:
Sonhei contigo
sonhei
como não se sonha
sonhei
com um garoto
sorrindo
bonito querendo
um pouco
de vida sadia,
querendo alegria
desta luz do dia.

UM:
A beleza
está
na sutileza
do beijo.
Do desejo.
Do querer segredo.
Segreda.

OUTRO:
Será que há
um meio
de “nós” sermos um?
Dueto amistoso...
para cantarmos história
e viver.
Várias fantasias
reais
vou abrir
o portão
do meu esquerdo peito
e deixar meu coração
aí,
com sua janela
escancarada
para olhar no dentro
e ver seu(s) olhos
mirando os meus
atingindo em cheio
sem meio termo.

UM:
Definitivamente
a sua presença
atua em mim
assim querubim:
Quero sim.
Basta um aceno
Um gesto
de longe ou perto
acerto em cheio
me parto ao meio
te cerco de braços
quero bem
junto a mim.

(UMA BICICLETA SEM PINTURA
CAI NO MEIO DO PALCO)

OUTRO:
Era quase
como se não fosse
verdade
era quase
como se não fosse
mentira
era quase
falar da alma
era quase falar do coração
eu era por fora
quase o que eu era
por dentro
eu nutri por ti
em minha essência
puro sentimento.

UM:
(UMA ESTRADA QUASE DESÉRTICA.
ABANDONADA. ANIMAIS PASTAM
EM CANTEIROS DE FLORES VERMELHAS
ESPALHADAS PELO CAMIHO.
OS CAVALOS E BURROS ESCOLHEM
AS FLORES VERMELHAS ENTRE
AS OUTRAS PARA SUAS REFEIÇÕES).

_Alguém chega como quem nada quer

OUTRO:
olha nos olhos encantamento e fé.
(UMA PERGUNTA NO AR):

UM:
_E agora o quê fazer?
(BREVE PAUSA)

OUTRO:
_ Menino crescido homem
amo-te.

UM:
Amar-te não quero
não devo não posso.
Agoniza em mim
a tua vontade
(em) ver-me parti
para junto de ti.
Amei por nós dois
me perdi...
Minha carne carregará
muito ou pouco tempo
marca a marca
dos teus (afiados) dentes.

OUTRO:
Doce de lua doce
faça com que
não anoiteça.

UM:
Não sei se devo
quem sabe eu descubra
nalgum lugar do mundo
alguém raso ou profundo
de sentimento
capaz de estancar a dor
que ora faz arder-me em chama (acesa)
mesmo que no fim da noite
ou no corredor do dia. Quero um bem
como há muito não se via.

OUTRO:
[Não se sabe até onde se deve ir
até que se vá pela primeira vez.]

UM:
TENTEI
esquecer-te
noutras bocas
me perdi.

OUTRO:
Reencontrei-me
com uma estranha sensação
de não tê-lo
visto no espelho. Engano!

UM:
Assim querendo
tive o que quis
mesmo distante
permitindo
recusando
querendo
não
fomos nos dando
um ao outro
em pequenas porções.

OUTRO:
Sei das dores
dum parto pré-maturo.
Que nos fragiliza
como num aborto
natural ou provocado
coitados de nós
não abortamos o medo
nem chegamos a ser felizes
(por) complet(o)amente inteiros.

UM:
Em dezenove
quase erro(s)
nesta data acidental
te sonhar
e quase tê-lo
é fato especial
embriagamo-nos
de tenros sonhos...
sem medo de nos mostrar
coloque outro em
XEQUE
mato toda obscuridade
sem importar-se com ressalva.

OUTRO:
Nada arranjado
presta.
Digo:
Presta atenção.
Você não presta.

UM:
Sempre que ouço
teu som.
Fico atento.
Atentamente.
Amores?
Tive vário.
Entre homens e mulheres
me escolhi primeiro.
De todas as cores
de todos os portes.
Para todos os gostos.
Chamar-me-ão profano
responderei nem tanto.
Se faço
faço bem feito
porque gosto.
Cometê-lo
pretendo outra vez
me superei
passando acima
de conceitos imorais
aos olhos pudicos
do sutil ao explícito
do reto ao torto
do mero contato físico
suposto
a fim de sentir
algo que invadiria
corpo a dentro.
Como se testasse
um a um
sem culpa
estou aliviado
aguardando o resultado
do acerto de contas
só acerta quem erra.

OUTRO:
Se o que sinto
(me) traz
calma à alma
expulsa a dor
fecunda-me
felicidade
idade da desrazão
tranquiliza(dora)
me dá vazão verdadeira
para ficar perto de Deus
aumentando minha fé
conduzindo-me ao caminho do eu...
do outro
Alguém assim, deixo
lumiar-me a outra metade
estendo aos céus as mãos, num
xodó com Deus, mas,
solitude... louvando
agradecendo
não quero sonhar
deve haver um meio de
realizarmos em comum acordo
esse outro desejo teu e meu.

UM:
Talvez eu deva compor uma sinfonia diferente.
Com sons absurdos e “vocais” inaudíveis.
Porque a maioria do público ouvinte é surdo.
Os espectadores mais atentos
são acometidos de glaucoma. Todos em coma
coma, beba, saboreie a doçura
do que não é comum.
Qualquer um sabe
a diferença entre o frio e o quente.
O feio e o belo...
Que importa a ordem
nesta desordem totalmente
ordenada corretamente?
Algo nos persegue anos a fio.
Fios de ouro. Ouro em pó.
Fios de nylon. Prata pura.
De primeira. Letras desencontradas.
Um caos na psêudo-intelectualidade.
Idade da pedra bruta. Computador
computa a idade da pedra lascada
da puta. Ela é menos indecente
que o dente de ouro do tolo.
Tolo apanha inocente para inocentar,
a culpa do filho daquela puta mártir
que morreu esquartejada no matadouro.
Vaca se mata em frigoríficos.
Oficina de carne. Cacete.
Isso é moderno. Super up.
Cardápio de primeira.
Puteiro de ultima qualidade.
Época de dedo em riste, triste.
Alegre masturbação mental.
O carnaval está longe
e a fantasia bizarra do filho
sem mátria está pronta: Joana Darc.
A personagem perfeita. Ou não.
Feita nas coxas. Do jeito
que se imagina o mundo
da lua do meio da rua
sem saída nem beco. Um boteco.
Um treco, um troço qualquer...

OUTRO:
[...MAR
CIELLO
AO LONGE.
DE PERTO
PEQUENO
GRANDE
MONGE...]
NADA ESTÁ PARADO
Tudo é movimento.
Toda chegada
denota uma saída
toda saída
uma chegada.
Tudo que move
é montanha
de fé, esperança.
Aquele que anda
está parado
o parado é que se anda.
Se longe, perto.
Assim por diante...
Fazer não fazendo
Ofício do grande.

(TUDO ENCAMINHA’ (VA) PARA O FINAL DE UMA “UP”
SINFÔNICA DESPEDIDA. NUMA TELA HOLOGRÁFICA DE COMPUTADOR, TIPO UM PAINEL GIGANTE, MEDINDO 50x50 METROS ONDE SÃO PROJETADOS TODOS OS DIÁLOGOS E TEXTOS
ENVOLVENDO ESSA AVENTURA. ESSA CRUEZA DE PENSAMENTOS. SURGE A IMAGEM DO ATOR COMO SE ESTIVESSE SAÍNDO DE UMA IMPRESSORA. OS TEXTOS VÃO SE FORMANDO
A PARTIR DAS LETRAS QUE CAEM COMO CHUVA, DANDO UMA FORMA GRAFICAMENTE DIFERENTE. TEM-SE A SENSAÇÃO DE ESTAR DIANTE DE UMA PÁGINA GIGANTE DE ALGUM LIVRO QUE FORA PROÍBIDO POR MUITO TEMPO O SEU ACESSO AOS LEITORES).

UM:
Janeiro
floriu em chuva
nossa amizade
antiga
reconhecendo-a em tempo
todo aquele
tempo ido
abrindo assim
em pétalas - pura luz
iluminando os povos
JESUS - KRISINA
OXALÁ - BUDDA
GANDIH - LAOTSÉ
SÃO FRANCISCO - MAOMÉ
TEREZA DE CALCUTÁ
GABRIEL
ensinai-nos o amor
ensinai-nos a desapegar-nos.
(UM DISCO VOADOR ATRAVESSA A TELA)

OUTRO:
Vaga-lume(s)
vaga(mente)
Vaga-luz...

UM:
Quando o caminhante
está na trilha certa,
ele vivência esta certeza
o que o liberta dos medos
dos temores e desesperos.

OUTRO:
A oportunidade de expandir
é oferecida à todos.
Aquele que vê
com os órgãos da visão
ignora-a, contudo,
aquele que enxerga
com os olhos da alma
assemelha ao mar.

UM:
Se falhos
em outras épocas...
O momento
de resgatar é agora.

UM:
Afinidade.
OUTRO
Começo de uma grande
Jornada
..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

Um anjo desceu da torre içado por um cabo de aço, que lhe permitia movimentos leves e sutis. Um grupo de aproximadamente 10 contra-regras expunham as vísceras da montagem teatral daquele magnífico espetáculo, que tornara uma orquestra sinfonicamente inesquecível para quem tivesse a mínima sensibilidade poética. Uma pessoa com idade indefinida, nem nova nem velha, espreguiçou. O leito ainda mostrava sonolência. A paz reinava sem interferência externa. Nítida era a cor da alma que distribuía flores para a platéia dos sonhos daqueles que dormiam profundamente felizes.

Céu da Chapada do Corisco, 11 de abril de 2001.

Bráz Dy Vinnuh
22 de março de 2004
Vilhena-RO

PARA(ú)NA - Parte III




“O amor não aceita
nenhuma existência
nem deseja vida alguma.
Vê na morte, vida, e
busca na vergonha, glória”.

Glórias e alegrias
liberdade eu te quero
igual a mim
meu
amigo puro
quando ontem éramos um
nem mesmo dois
buscando o antes e o depois
pôr nós relutando o nada
gostando sim
de um e do outro sem medo
de ser flavamente feliz.

Um anjo
desamparado
caiu quebrando
meu telhado
instalando-se assim
(confiado),
grudado em mim
como se fôssemos
há muito, amigos
não separados.

Parece
que falta um pedaço.
Meu líquido
virou aço
meu corpo
um caco.
Te procuro
não me acho.
Me quero
não te encontro.
Te tenho
não me possuo
na forma quase
exata(mente) te sonho.

Como se não bastasse
a forma rara da tara
o cara some. Dispara
fico como um biruta
indivídualizo longos pensamentos.
Viagens astrais. Estrondos.
Sem nada que não componha
o cenário: guarda-roupas
cama-mesa-armário-sala
no canto um cinzeiro
solitário.

Quase
sonhei
dancei
além de mim
tu
me seduzindo
curtindo
sei lá
(motel)
te quero sempre
presente de Deus
com tudo
sem nada
encima tu sabes
como é a fé
faca amolada
acreditando que somos
camaradas.

Senti
saudades de ti
pequei?
Errei?
Indeveria?
Não me conduza
ao caminho “certo”.
Faça-me feliz
(mente) à beça.
É o que quero
pra ti
isso que interessa
e bastar-me-ia um
pequeno ou grande gesto.

Sonhei
sonhei
amar nem se fala
te amo como jamais
alguém ousou no mundo
amar.
Nem sabes das dores
que senti no (ventre) fundo
não importa, amei, amo
o que resta?
Diga com verdade
sejas honesto
não promovas o meu sofrer
nem fale...
o que seja indigesto
nos daremos uma chance?
Nos sejamos aquilo
que nunca envelheça.

Tua presença
me seduziu
teu amor me completou
aqueceu-me do frio.
Queria ser atleta
andar de bicicleta
correr milhas e milhas
as mais certas
não pude...
cai de quatro
no chão que é tudo
te adorando
cada vez mais.
Não fosse assim
estaria eu
não me bastando
de hora em hora
me danando
sorrindo, sofrendo, amando.

Te
quero
não sei como.
Te amo
homem a homem.
Sem danos.

Nunca
disse
que o amava
e daí?
Se o fizer
deverei agradecer-te?

Esse
nosso
imenso amor
nunca foi
pouco.



Não
quero saber
das pessoas
o que pensam.
Interessa-nos
o que é uno.
Quem sabe perfeito.
Errado.
Direito.
Torto.
O que (não)
importa(ria)
é nosso contentamento.
Mesmo neste mundo louco
nosso amor
nunca foi pouco...
nem torto.
Nem morto.
Nem morto.
Nem torto
Torto.
Morto.


“O
HOMEM
QUE
ME
CONQUISTEI”.
...GRÁVIDA
A LUA
MENS-
TRUA...
“ou o homem avança
e encontra grandes dificuldades
ou mantém-se quieto,
alcançando a realização.
Favorável
se você consultar o sábio.
(I Ching)”




Sabe lá
o que é,
se ter inspiração
(e) ter que pô-la
no cartão magnético?
Sabe lá
o que é,
fazer sexo internâutico
sujeito ao vírus
do isolamento opcional?
Só lamento
ter perdido a viagem
a lua minha
ou sua
por procuração
chove não
dias melhores virão
podes crer
vai chover
quero morrer
de rir...

Beldade
Que vontade dar-te
um beijo
maluco louco beleza
graciosa coisa gente...
se pudesse o levaria
pro meu quarto
e contaria(va)
o quanto me agradas
que nem mesmo os degraus
da Candelária
aguentariam
pois pra dar
o que tenho é tanto
que te farias meu arco
e escudo flechar-me-ia
ajudo a suportar essa separação
quem sabe só pela distância.

Justapostos
nossos ossos
rubis de nós
nossos lençóis
azeviche sós
meu corpo
sobre o teu
corpo
sobre o meu
corpo
sem voz...
tua boca
na minha língua
afiada
na tua louca
alma de luz...
homem ama
homem ama
homem ama
homem sim
que belo
é ser homem
do princípio
meio
fim
nossa pele
machucada
sobre-cama
cetim
pele pura
seda dura
fica dourada
no encanto
de Pequim
queixa
gueixa
deixa pra lá
samurai
assim.

A sua presença
é forte
seu porte seguro
não Caio
a sorte um pulo
um toque
um rock
de ti um beijo
parti(n)do
com gosto de gente
perfume que fica
no corpo
na alma
na mente
humanamente
pense repense
o cheiro que marca
a sua presença
sustentaria
não fosse o medo
da pirataria.

Nossas caras
escondidas
esse amor contido
a gente tão distante
embora não hajam montes
poderemos inventá-los
e no seu pico bem alto
faremos amor sem maus tratos
sonharemos com a terra
do jeito que ela é
nossa riqueza
casa de pau a pique e sapê
pique-níquel pra quê?
Passaremos a compor
e a entender
que viver neste mundo
tanto meu quanto seu
só quem sabe pode ver...
basta-nos crer na vida
“homenmente” crescer.

Caso
ele
queira um
poema...
amor[talhado]

Angelicade...
pelo meu amor
de homem
para homem
homem a homem.

A Gente
nunca pensa
que quer
quem a gente
pensa ser
a gente que
a gente pensa
nunca seria.

Insisto
fazer poemas
rimas não se vê
bem-te-vi
ave encanta
suas verdades fortes
enfrenta perigos
magia de fadas
coragem amiga...
não abandone os sonhos
quando estes não se realizam
tornam-se meras fantasias
efêmeras.
Que essa data
se repita
que possamos festejar
sempre...
aniversário sem presente
a gente aguenta
agora,
sem amigos
dói demais.

‘‘Há Gente
que se acha condenada
a viver estupidamente
somos condenados
a ser felizes’’
(chamalu)*


ARREPENDIMENTO
não mata. Entristece. Arrepender-se, só daquilo que não se fez. Quem sabe... quem sabe quantas vezes se deixa de fazer algo? ... não. A vida é puro contentamento. É sol. É água. É mar. A vida é linda. Labuta. Luta. A vida é para quem sabe viver. Portanto não há do que se arrepender... tudo já era contentamento. Puramente. A fila não causava nenhum sacrifício. Queria ser sacrificado. Ali. Que saco. Esperar tanto tempo. Numa fila. Para quem sabe cometer um “crime” que não deixe vítima. Nem pista. Que caixa lerda. Garanto que se fosse eu demoraria mais. Ou menos. Lá estava ele absolutamente azul. Outra vez. Outro azulente. Comendo-me com os olhos.
Estrategicamente. Me encabulando. Eu? Gostando. Um calafrio. Do calcanhar a nuca. Nunca. Quanta emoção. Turbilhona-me os pensamentos. Invade-me as incertezas. Um punhado de vontades. Horizontes de possibilidade. Um rio de desejos...olha ele. Cada movimento é calculado. Espreita-me. Sem suspeita alguma. Nem sacara antes. Quem era? De onde viera? Com tamanha discrição ele se aproximara. Astuto homem. Caso pensado? Tremendo desembaraçado. Olhos de gato. Punhos de aço. Que nome teria? Atrever-me-ia? Ora quando? Falamos sem constrangimento inicialmente. Bom sinal. Menos mal. Ora falando do calor. Quando não do atendimento. Com moderação. Não era de bom tom, difamar o ambiente da gente. As coisas iam andando. A fila não. Que tortura. Um favor. Um olhar. Uma flor. Um calor... uma coisa no ar. Não sei falar. Nem calar. Não sei nada. Ainda bem.
_Que nome tens?_ Sem titubear
_Bluente. _ Inquirindo _ E o teu?
_Orfeu. Respondi. Ele riu. Consertei sem jeito... o que havia quase estragado. Entreguei de mão beijada. Orfeu riu da rima. Eu ri do riso de Orfeu. Já éramos dois homens (In)comuns. Qualquer uns. Caminhamos até o meio-fio. Quase não falamos nada. Éramos dois amigos. Um pulo nos correios. Amigos postais? Uma vista ao trabalho. Apresentou-me aos amigos. Fomos para sua casa. Almoçamos acompanhados da preguiça. Como se tivesse um motivo a mais para viver daquele jeito. Nos braços um do outro sentimos a sensação gostosa, de não deixar de fazer o que se queria. No momento. Sempre. Exatamente da maneira escolhida. Foi amor. Não importa que clandestino. O sol atreveria num cooper pelas ruas convergentes. Passamos a tarde juntos. Lá fora gente que ia. Gente que vinha. Um poema sem trabalho. Em pleno 1o de maio. Carcará(lho)...malho perna abaixo e acima. Como quem anda sem destino. Pobre menino velho. Crescido a ferro e chumbo. Não sabe onde vai... Brasil ou Paraguai? Parecia cabeça ôca. Choca. De todas as maneira. Sem eira nem beiral. Para onde quer que fosse(mos). Libertard! Levava consigo um mundo de desconforto. Por ser livre. Claro. Evidentemente. Em seu cérebro rodopiava, um esférico anel de aço. Uma girândola talvez. Qual nada, agulhadas fortes. Insistentemente, deixava Libertard agoniado. Cioso. Ansioso. Querendo livrar-se daquela encômoda amotinação, grunhia ruidosamente. Debatia como peixe no anzol. Reaprendera a rezar. Sabia que só a roda do Des[tino], iria definir o que haveria de ser feito: um transplante de cabeça. Recauchutagem completa. Um poema esquecido. Um hai kai despercebido. Uma libido de lobo [no cio]. Um pouco. Um todo. ...Pra que falar? Interpelar? Questionar? Racionalizar? Não seria melhor chegar? Estar? Ficar? Permanecer? Sem tortura. Dor? Sei lá... medo? Quem sabe fosse um devaneio? Tudo que há de estranho ao estranhar que se queira a Solidão solta.
Presa. Os dedos longos corriam os pelos quase macios do corpo jovem. O homem se mantivera quase o mesmo de tempos idos. Trazendo na alma algumas desilusões, que em nada afetaria os seus sonhos de menino. Seus fetiches de quem sonhara com orgia, esvaiam-se... Olfato. Paladar. Tato. Visão. Sentimentos. Bons ou não. Narinas nervosas... vão ao longe buscar o olor das maravilhas do Caribe. As filas. Os ônibus. Aviões. Sugestões. O sabor frenético... sente os dentes em riste. Insiste e conserva a erva da Eva . O tato de Adão... em mim longe daqui. Narinas. Meninas. Marinas. Malinas. Ingenerosas. Cor-de-rosa. Choque. Branca cheirando a flores de loteria esportiva. __Quantas vidas você tem pra me tirar? Quantos egos você pode explodir? Quantos deuses há no céu, ou no mar? O teu preço eu não pago. Eu sou rei. Ou plebeu? __ por não valer não pagarei. Pra me enganar ou me segurar-te. Não importa. Meu amor é ouro em pó. Não importa. Não importa. Não importa. O céu se fecha em nuvem e se abre em mar. A média luz a dançarmos... um par de canalhas em dó maior. Num tango brasileiro trivial. Nada de estrangeiro patriarcal. Estou triste. Qual poeta tomando banho de bica. Com suas crises existenciais. Vergonhosa[mente] entristecido sem motivos. Ora, bestiais falsos motivos reinventados a força. Os quais quase quero forçar-me a ignorá-los. Quanto mais tento suprimir tal emoção fortemente ela insiste permanecer latente dentro do peito da gente. Esse decadente estado de espírito de porco, anula o lado que reservara, pro desapego. Quero gôzo e gozo de rir... pra onda de pureza rebelde, que até então fazendo-me continuar só, insiste, decididamente. Eu só. Quase só. Só. Um vulto no meu caminho. Outro mundo em minha vida. Quase esquecido. Luz dos andes a me despir. Mais gente no hall do meu teatro. Feito Andaluz ou pirilampo nos campos do prazer. Nossos olhos saltam para se cruzarem na noite alheia e fria...(Baixa fria). O que há no meu peito não se explica. Só entende aquele que sente. Cada passo que arremesso não meço. O que faço é sentir. Te querer. Te amar, suponho ser capaz de suportar sem desengano. É como subir o himalaia. Pra que falar ao corpo o que nossas almas sentem? A cara metade da luz quem saberia? Não invade. Cuidem coração de moleque. Um pileque na praça. Um santo bêbado. O cu do santo é um espanto. Um poeta. Dois poetas. Três poetas. Duas damas. Um vagabundo. Cinco fregueses. Há por aqui algo de paixão. Sei não... sei... pra que falar ?Vamos sentir um no outro? Pra que sentir se podemos phoder? Não, o Manoel do bar da esquina. Pergunta idiota. Resposta cretinamente repentina. Era uma hora qualquer de um dia santo sem nome. Anônimo. A programação cultural estava esperta. Aberta aos amantes do vento. Da lua. Da rua. Da minha. Da sua... minha alma atua. Não era um conto de fadas. Mas alegrava qualquer olhar... por mais pragmático que fosse. O teatro uma obra de arte contemporaneamente bela. Invejável. Prática. Artística. A obra é de uma arquitetura esculpida em monoblocos vazados. De modo que a edificação das paredes, ia formando figuras exoticamente geometrificadas. Sensuais. Sexuais. Fálicas. De uma sutileza enorme. Do ponto de tudo ficar harmoniosamente puro. Nada profano. Profundamente acalentador. O humano penetrava e saia daquelas paredes de fibras recicladas magistralmente. No centro das paredes frontais, que se encontravam em desalinho fino e bom gosto, causando inquietação pela sobreposição de uma na outra com um equilíbrio dos anjos, arcanjos e querubins, dois homens entrelaçados... numa espécie de “69”. Mais discretos e sóbrios que um anjo qualquer nu. Eles estão mais humanos. Próximos. Unidos. Resguardados. Despreendidos. Desvencilhados um do outro, pela magia do movimento. Do gesto, apenas a lembrança. Arte pura. Um balet carnal, sem mácula. Sem mal. Sem tal preteção. Verdadeiro. Atual. Natural. Espontâneo. Humano. Nas laterais, corpos alados. De homens e mulheres nus. E sós. Pessoas amando. Fazendo amor. Cenas de sexo grupal. Cenas sutis. Casais héteros. Homos. Lésbicos. Pênis erectos. Afetos. Carinhos. Bocas... beijos longos. Um colosso. Por fora e por dentro. Por cima e dos lados. Abaixo. Lugar encantado. O palco é acima dos espectadores. Da frente ao fundo da platéia. Invadindo um pouco o hall de entrada. Cortinas multicoloridas. De um fino tafetá. Como se fosse de um veludo branco mesclado com fios de ouro, prata, e seda pura... deixando tudo furtacor. Laser. Um faixo de raio laser ao terceiro sinal, cegando todo mundo. Não podia ser o primeiro sinal. As cortinas não se mexeram. Deslizaram como num sonho parando atrás da última fileira. Isso acima de nossas cabeças ôcas. Tudo era convergido para o centro do palco. Víamos como que através de um espelho. Uma tela cinematográfica, mas real. Um ser de têmporas douradas deslizava... em movimentos zodiacais.

PARA(ú)NA - Parte II



SagradoS
SegredoS










[O DENTRO
chora sufocado
o fora interpreta
felicidade inventada.]
DE NOVO
O NOVO VELHO
VERDEJANTE
VIRA NOVO
NOVAMENTE
... prestes a surgir
algo novo
vem abaixo
todas as coisa
velhas deste mundo...
...abril
em mim floriu
de verde
do verde
dos olhos teus
no dentro
dos olhos meus
um amor
indiscutivelmente
com gosto de
doce de lua
docemente green
ver(de) feito pelas mãos
de Deus presente
que Deus me deu
do princípio ao fim
valeu você e eu
não me cresceu
agigantou-me
doeu-me a maldade
que te cometeram
“ganhastes” a vida
de forma sofrida
não tive a chance
de uma despedida
meu amado
meu amigo
meu querido
sabemos o quanto
temos sofrido
para manter vivo
verdadeiro e puro
nosso amor irrestrito
de homem para homem
incompreendidos
tu o sabes e
na pele tens sentido
morte não é morte
é breve despedida
para quem vai
para quem fica
na saudade
morte não é morte
é vida...
é força redobrada
para continuarmos
nossa lida.



TALVEZ
Aquela
nem se repita
permita Deus
grita não grita
apita – freia – breca
acerta erra
começa encerra
não importa
tudo que sinto
sem medo ou segredo
ledo engano
não bastasse amar
desarmo o bacamarte.
Pincéis ao invés de rifles!
Não obrigo nem oprimo
menino homem divino
duas vezes no nome.
Sobre a mesa um copo vazio
contentamento
por Ter-te ao menos...
amigo.



TE SONHEI
sem ser preciso.
ter te comigo tenho sem perigo
nem teu nem meu.
Mesmo que nem seja
este universo por de mais bonito
é o que ancora ontem, amanhã
agora...aflora de forma rara
um amor que me basta
preenche sem amarras.
Cara beleza radiante
sou fera bicho – do – mato
ar água fogo e terra.
Moro em teu coração de modos meus...

TER ALGUÉM
disponível ao amor é raro.
Caro é não saber...
quem sabe merecer mais que padecer?
Eu sei é tarde. Aprendi. Amar é tão fácil.
Difícil é aceitar ganhar e perder
a fim de se feliz
não de ter felicidade
quem sabe isso não seja
atitude de covarde.

MULHER
Ao meu ouvido
fale rouca
fele louca
Também sou.
Onde me apanhas
no teu barco doce véu.
Sou sua
amazona preferida
alguns chamam-na bandida
ai meu Deus...
mulher
ao meu ouvido
fale pouco
tare louca
eu estou
esperando que invada-me
as entranhas me apanham meu corcel
daquele jeito com ou sem defeito.
torto aos poucos
pelo ao amor de nós duas vezes.

IMEDIATISMO FINDO
Tudo novo. Novamente.
Tudo que era pra ser o é sob o peso
do bastão e leveza
da imaginação...
imaginar é estar além
do aparentemente comum
é ser dois em um milhão.
E depois ser um quintilhão
nas próprias mãos de Deus
pai que intercede
junto às égides
egípcias – célticas – bálticas – incas
lunares – espetaculares
angelicais – xamã(nica)s...
chamam-me próximo ou distante...
serras – prados – planaltos – montes
matas – florestas – cerrados – campos
inda que tardiamente compensa
fazer o mínimo que seja
à alguém que esteja à beira de um colapso
mesmo que nervosamente sem causa alguma.
Pausa para um breck – festival
de ambivalência novamente finda(-se)...
permanecendo acessa a chama humana
por intermédio do elo mais forte que há entre nós
do ponto de visão evolutiva
onde o espírito precede a matéria primeira...
na etapa do processo de exploração
de cada músculo e (de) sua função

CAMALOTE
Aguapé...
para não esquecer
nem de você que veio
nem de eu(mesmo) que o convidei.
Doze (feriado) santos
uma dúzia de dias
de um mês abençoado.
uma conquista
amigavelmente
do jeito que esperava
a cada dia
que passava
isso ficaria
mais bonito
quando te olho de perto
já sei
o que esta escrito...
te olho de longe
vejo-te
quase sem nenhum conflito
não falo no nome
deste sentimento
que tenho
por me fazer-te
carinhos(a)mente
em doses homeopáticas
ter desejos
por reconher-te
em meus poemas
e nos teus escritos
não por ser jovem
ou possuir beleza
mas por ser poeta
anjo
cabrito sem rótulo
sem medo de nada
nada que te complique.
Deseje comigo
a mesma sintonia
na mesma intensidade
a liberdade de ir e vir
do relâmpago ao corisco
como é que eu fico?
Se isso é mais
que um poema – mudo
eu acredito que possa
até mesmo ser
um poemalho bonito.
Escrito pensando em ti
isso sim eu admito
não minto.
Pode ser que omita
para evitar atrito
e tenho dito.
Hoje não “são” doze
sim quatorze capítulos
atípica[mente] reescrito
nesta data
que ficastes
ao meu lado comigo
e escutastes
meus gritos, gemidos, mugidos...
quero dizer com isto
em poesia
longamente tola
que é bom demais
ter-te comigo e partilhar
da arte de nossas vidas.
A lua no céu brilha...
sem saber
que sabe saber
que te convida. Eu escuto.
Não duvido. Doce linda.
ESSA DOR À BEÇA
Da ausência insiste
Existe algo a acontecer.
Eu com isso?
Desisto.
Conquisto. Insisto...
ufa! Insisto.(implícito).
”implicito”.
Apito. Pito contrito. Agito.
Passa uma. Passam duas.
São dez! Quase desisto.
Visto a roupa de domingo
feste[jante] fico besta.
Carcome-me por dentro
a lembrança esgotada
pelas últimas gotas
de sangue
a fugir pela fenda
da veia partida.
Tantas visões absurdas.
Um coração é pouco
para tantas Record-
[ações impossíveis].
Salário atraz[ildo].
Dor de corno.
Dor de dente de leite quente.
Prisão de ventríloquo destoado.
Sopro coração comiserado.
Sezão – tesão – visão –
rótula rotulada
rotunda partida.
Chopp. Vinho. Caviar
rã salada gelada.
Luzes dilatadas.
natais, cantos batismais. Raiva.
Trave. Bola. Artilheiro.
Chutes ao gol[eiro]. Dinheiro
O absurdo é monótono e chato.
Chatêaux. Platô[nico].
Supersônico sonífero
díspares distantes
arme-o diz(pare)
(arma)zen(e)
o bem ou mal.
açúcar – sal – saleiro.
Primeiro derradeiro
calor caloteiro. Cachorrada.
Coleira coleirinha,
Sabichão rabugento.
Ungüento bangüê bengáli
Maré mar maresia
areia arraia ralha papagaio
vaca vadia.
Saia justa-posta[mente]
curta estúpida prega
brega nega nêga-fulô.
Negarotê. Pote. barrote.
Capote. Filhote. A-b-c analfabeto.
Concreto. Errado ou certo.
Direito torto reto
varado. Comido. Cagado.
chulo mulo quadrado
indecente indulgente.
indolente. “Indolescente”.
“Adulescente”. Adolesço-me a ti.
Desce. Tece. Prece.
Cesse stresse. Homessa!
Careça-me de ti.

CELÚRICA
nua
A lua
‘atua
Atua majestosamente
Sobre as casas
Sobre as ruas
Cheia de si bem molhada
Lambe-me a cara
nua
crua
De enxergar
A alma
A calma
A palma
da mão de Deus
estendida ao vento
no momento exato
certo ou errado
ao lado doutros corpos
expostos aos montes
justaposto(s) amante
na medida tida do tempo
presente de Deus-pai
pã-rá-sol-é-olo-guainumbi.
Vocês são meus
corações diversos
ateus ou não
adolescentes à mão.
Belos-livres-soltos
retos-tortos-eretos
não importa-me
gosto de gostar-lhes puros.
O AMOR
é da cor do segredo
da coragem
do medo
do ataque
do torpedo.
É o meio mais certo
de fazer do deserto
o oásis correto
que sacia a sede
abastece o açude
amortece a queda
alivia a morte
enaltece a vida
cicatriza as feridas
faz do fraco
o mais forte
do forte o invencível.
o Amor-Absoluto
faz do vencido
o guerreiro
do último
o primeiro
do caído
o erguido
do alegre o poeta do triste
do que não há
tudo que existe
o maltratado é o que insiste.
QUANDO TU
sorriste “blue”
para eu em alemão
deixou-me fragilizado
diferente e quente o coração
até então
eu sentia dó de mim
mesmo sem saber
que o fim da dor
de tal amor cabia a mim
amar que ser amado.
Doar a ter que receber.
Perdoar que ser perdoado.

CONTENTAMENTO
o tempo todo
todo o tempo presente
tento
contundentemente
experimento lento
fazer do momento
separadamente juntos
atrás ou na frente
no canto do olho
no olho paralelamente...
olho no aço do teu olho
frente-a-frente
mesmo que difere
o teu projeto concreto...
o meu gente por gente
escalímetro rima diferente
em poucas palavras
haikai
gigante mar
rival dos
pensamentos impotentes.
DE REPENTE
minha alma
floriu de verde
do verde
dos olhos teus o meu jardim
verdejou de ti
em pleno abril
apareceu, sumiu,
entrou, fingiu,
chorou, sorriu,
ficou, partiu(-me) o peito
fiquei (por) amor. Chorei...
de saudade da tua amizade
a qual verei noutra
transcendentalidade.
DÓI EM MIM SABER
que “amar assim”
quase sem perceber
dói bem mais
que conceber e parir
ao mesmo tempo.
eu sei, amor e paixão
são coisas do coração.
Amor-paixão é carne
alarde
alarme...
desarme.
Paixão-amor
e desatino de menino
tormenta
sofrimento
por pouco ou muito tempo.
Amor-Total
Puro-Absoluto
é justo na medida
exatamente profícuo
não dói nem mata
ata e desata os nós
liberta
alivia
cura
cuida
orienta
admira
possivelmente.
Junto ou separado
auxilia na trilha
na lida
andando ou parado
caminhando
[sozinho]
acompanhado.
Amor-Total-Puro-Absoluto
irrestrito e longo
é mais-que-belo-bonito
contrito-profundamente livre...
ameno-seguro-confiante
perto-distante permanente
constante inseparavelmente
não dominado ou dominante.
Verdadeiro
...carinhosa(mente) solidificante
respeitavelmente
amados amantes
sempre!

AQUELE HOMEM
era boníssimo por fora
seu dentro eu desconhecia
teus modos deixavam-me
irrequieto. Por perto
ao certo contente.
Tudo é possível
quando essa força
vem de dentro.
Ela manifesta
integralmente.
...minha carne
(é) tenra
dura-bruta.
minha alma
(é) frágil
flexível-dócil.
Posso parecer nada
nada pareço
que não a verdade
nado de costa(s)
em mar absoluto
QUERO MORRER-TE
em mim
para não matar-me
em ti o amor que aflora
por dentro
por fora
puro sentimento
que sorri, encanta e chora
(mas) não vai embora...
ancora à margem
esquerda do peito
repousa no leito
desse mar que uniu a gente
Não quero morrer(te)
nem matar(me)
salvaguardar(rei) o que posso
e gosto Confesso sem medo
tudo que é nosso
me arrisco mais por ti
do que por mim
mesmo quando não posso
é de ti que eu mais gosto
em comigo.

[SE] EU FOSSE
um barco
tu serias
o remo...
tu a proa
eu o convés...
eu o casco
tu o mar...
onde naufragaria-me
em ti por completo
noite e dia
toda hora
todo dia inteiramente.

SOFRER DE AMOR
e ao amor se entregar
é morrer sem saber
ao querer dedicar-se
a uma pessoa por prazer
em viver o amor
seja lá como for
com quem qu(is)er
que seja ora veja
...é melhor ter amor
dor de amor pode ser abstrata
também mata aquilo
que não deveria
morrer-nos.
O respeito ao
que fez crês(cer)
sentimento
bonito entre nós
filhos, mães, pais e avós
acalantam os rebentos
sem-nada-poder-fazer
nada que dissipe tal dor
e sofrimento aparente
por algum tempo que seja.

NEM DOR
nem lamento
sentimento que surge
de tempos em (a)tempo(rai)s...
presente ausente
(quase) contentemente
de uma vez por todas...
de repente o corpo revela
o que a alma sente.
Mesmo não sabendo
ao certo ou errado
o que está acontecendo
a gente entende concretamente.
Aquilo fere, queima, mata,
arrebenta...na verdade
a gente só quer o que alimenta
e nutre. Ali menta...
talvez este seja um poema
de adeus.
Não de pessoas mas,
de sentimentos
meus, em retirada
para não perceber os teus
descontentes dentes afiados
recoloco-me amigo
sem contratempo
nem “contravento”...
vou matar aquilo que sinto
pôr dentro não pôr fora
para não ter desapontamento
nem em pensamento.
NÃO VI INOCÊNCIA
(nos olhos das crianças)
nem sabedoria
nos olhos dos anciões.
Todos caminhavam juntos
não na mesma direção
alguns perseguiam desencantos
outros os engajamentos
homens e mulheres
apegados às ilusões
(de seus julgamentos)
contraindo dores e humilhações.
Meninos e meninas
entregues ao vil metal
(mais necessário que o amor
menos buscando a luz)
quase ninguém se entregando ao sol.
EXTREMAMENTE
fútil(idade)
idade fútil
insuportavelmente
inutilizada
parasitariamente
inoperante
arrogante
por excelência
o povo morre de fome
perde o próprio nome
o forte oprime
esmaga o fraco
que mora no mato
que não tem sapato
tornando-se útil
para manter
a inutilidade
comendo e bebendo
no prato da arte
dos amores incômodos.

O SABOR DA FELICIDADE
está na prática
da arte que arde
de dentro para fora da gente
rápido e urgentemente.
O que compensa
de fato é a verdade
que invade todo tempo
algu(em) movimento
mar(te) (toddy) aluí
juízo perfeito do que é preciso
para ser humano pôr inteiro.
QUALQUER TOM
que a gente inventa
para cantar
uma cantiga solo
não traduz tudo
o que a gente sente
principalmente quando
estamos frente-a-frente
com alguém assim
diferenciado da gente
por fora
não por dentro.
ALCOVA DE UM SOLITÁRIO
negra e profunda
outras vezes clara
tu és sem dúvida
uma jóia mista, cara.
Se pousam
sobre tua densa
e lutuosa mata
acostumados ficam
poucos olham a sensibilidade
das paredes tuas
ficas parecida
com um mundo de céu
és forte que derruba
um tanto de cajados rijos
desempenhando o seu papel...
filha-mãe-amiga-avó-puta
não importa a luta
nem a lida da mulher...
ela perdura
por bastante tempo
só bem depois vai embora.

QUANDO O SENTIMENTO
oculto é grande
podendo expande
explode range.
Por ser feliz
sem nada além
aprendi que amar
é abrir mão d(o) que(m)
se quer bem-querer.
O amor que limita
não é bom. Nem mal
(mas...egoísta...)
Bom é ser libertador
de quem se ama. Mesmo
Quando o sentimento
é verdadeiro
um ser prepara o outro
para um outro ser,
se preciso (for) passando a ser
seu escudeiro.
se for de amor
for “love” em sintonia
é total a aceitação
por ser amplo – não restrito
permita eu grito.

TENTO ENTENDER
o que acontece
tecido – papel
pincel – tinta
uma tela no ponto.
Sê firme – forte
o sentimento que agüento
fora interpretado a tempo por aquela pessoa
que admiro muito
a partir dos olhos d’alma
haverá sorte boa de agora em diante.
TALVEZ NÃO SEJAMOS
o ideal alheio.
Quem sabe
não bastaremos (nus)
apesar dos outros.
Tu me aconteceu
Inesperadamente
assusta-me
fico parado
diante da possibilidade
de sermos entendidos
tenho inspiração
não abraço
quero espaço
não inspiração...
palavra
vã...por
palavra...de homem.
não quero ser apenas
o teu objeto inspirador
pudesse seria
tua própria inspiração
ou não...passaria
de uma tela virgem
a espera da tinta
do pincel do artista.
Quisera fosse um pincel
em tuas mãos
colorindo o teu papel
Canson. Vergêr. Artesanal
(feito à mão)
acrílica cor-de-arara-amarela
escura ou clara
um instrumento
diferentemente igual
um mensageiro do ventos
em jade e marfim
Sim, quero nunca ser nada
apenas teu camarada
encantado com tal querubim
compartilhando
o ser e o estar
a vida...
mesmo que pragmaticamente
SEMPRE QUE ATUA
em mim assim
essa saudade
de um tom a mais
quase foge-me ao controle
a nota certa. O matiz.
A matriz alberga-te
sono secreto do sonho
não medonho
distante e perto
parece-me um Porto
quisera Seguro
tudo que é verdadeiro
ao menos ancorado
do lado de dentro
do peito de carne
que palpita...arde.

CHOVE A PRESTAÇAO
ilhado encontro-me na vida.
Na rua. No bar.
Sofro como aquelas pessoas
no paredão exterminadas.
Fuzilam-me os ouvidos
com algo que escuto forçado.
Um troço que não gosto de ouvir
um ruído que parece, mas não é... nada.
Acovardo-me e não saio da mesa
Torturo-me. Obrigando-me
a ouvir uma voz amorfa
de um apresentador torpe.
O que me consola
não é tua camisola.
Apenas a bunda da TV que me protege.
Posso falar-te de minha covardia?
Minha “impassividade”?
O que justifica
não é o medo de nada.
Não o medo
de eu molhar-me inteiro.
É que trago na mala azul
não impermeável.
Nada mais que “um estreito
chamado horizonte”
do Raimundo Gadelha.

SETEMBROS
nem todos são iguais
uns menos
outros mais
...setembros
são especiais
são de encontros
valores, amores legítimos
ativo-passivo
passivo-ativo
quantas vezes
preciso for.
Tu me aparecestes
sem dar um sinal
propondo-me vida
já não tenho
chegada nem saída
breve despedida.

SAUDADE:
verdade ou mentira?
Talvez
um pouco disso
ou daquilo.
...Sinto saudades
de mim mesmo
procuro-me em vão
do vão em vão
dos meus dedos longos
e não me controlo
aciono o quase
remoto...
no meu dentro
não há nada
só vestígios
...do teu retrato
preto e branco 3x4.
NÃO VIVO DE FANTASIAS
nem abato meus fantasmas
em vãs terapias, piamente
os encaro para eliminá-los
com maestria...
ora os decapito
ora sirvo-lhes cicuta.
Se me aborreço seriamente...
sirvo metanol à água-ardente
pó-de-vidro, chumbo-derretido,
azeite-quente.
Navalha na garganta
gilete no ventre
aquilo que é impraticável
vivencialmente
a gente pode poemar
sem deixar vítima
com corpo presente
sem sangue corrente
ou pegadas de serpente...
o pássaro
...voa...
atento
(atentamente)
...entoa...
(entoadoramente)
o canto
(canoramente)
o alento
(alentadoramente)
...voa.

GOSTO QUANDO O SOL
lambe-me a cara
inda que metade forte
mesmo a outra frágil
observo na ligeireza das horas
(o tempo não passa)
não...a taça está vazia
meu aquilo
acumula no dentro
muito tempo
inteiro e fora do comum...era
gostoso... qualquer um não haveria
outra forma de compreender-me
essa vontade de que
...xeque-mate(me)
de uma vez
ou morra-me em ti
de prazer de gozo...
o tempo todo do mundo
mesmo que no relâmpago
de um pirilampo.
NÃO FOSSE POR AMOR
doeria a alma
acabaria a calma
a calmaria
acalmar-te-ia sem pressa
Óh! Desassossego...
nem pensaria
duas vezes o corpo
choroso beberia
e cravaria. Mesmo...
querendo a sorte
de driblar a morte
repousa(n)do
nas lavas do teu vulcão
ao avesso do teu corte
falando em reverso
meu berço não foi de ouro
tecerei rimas desconexas
avexadas, rápidas, emergentes
paridas, não abortadas...
de gente que tem pressa
pressa de curtir a vida
bem curtida.

A DOR DO CORTE
é forte
a morte marca
o homem que perde
a suposta sorte
acha razão
para viver bem mais
do que morrer
até porque
aquele que toca
outrem jovem
faz reviver
o valor de ser
mais do que ter.
Um segundo do mundo
um segundo basta
para reacender
aquele toque
dàquele ser.

ATIRARAM
no meu telhado
um estilhaço
de vidro.
Uma agonia
de aço.
Ceifaram
a tua vida
que fora minha
passo-a-passo.
Não como imaginei
voastes
passando a habitar
os ares
o céu
o espaço.
Sobrou-me a dor
o cansaço.
Lacrimejaram-me o olhos
pobres olhos
olhos lassos
verdejados nos teus olhos
por falta de um abraço.
Desse amor de poeta
romance nem tão escasso
guardo os momentos bons
de quando me aliviastes
dos estragos...quase devassos
repousando-me o corpo frágil
na maciez e no calor
dos teus afáveis braços
O OLHO DE DEUS
a espreita
a esquerda
a direita
a frente
(do filho)
reta...
direta...
indireta...
firme(mente)
a gente
dentro
fora
completamente
ontem
agora
sempre
o ouro de Jah
é caro
raro
enxergá-lo
tê-lo à vista
na pista
certa
ao coração
sim
não
as mãos
cheias de dedos
sagrados
segredos
puro jade
invade
preenche
absolutamente
...felicidade
é perceber
o rei
olha nos olhos meus
para que eu olhe
nos olhos teus
sentindo que ele
Aquele,
tu e eu
somos um
somos vários
retirados
do armário
expostos ao vento
postos no mundo
com todo sentimento
sentimento profundo.

LOGO QUE PUDE VÊ-LO
entre nós
os templários de um
novo tempo-presente
atei-me a távola
redonda e rodopiei
dentro da ampulheta
underground espacialmente
singelo anjo
empaticamente aconchegador
venusto por demais
Evoé!...quando por perto
lucubrando sem medo
you...”god” e eu velando nosso
místico “affaire” (in)pessoal
“muso”, ginete dos sonhos meus
Argos a conduzir-me
rumo ao novo horizonte do
tempo passado da hora presente
intrepidamente...com cautela à sua frente
nu de corpo, alma e pensamento,
a serviço de nossa(s)
amizade(s) inteligente(s).
ARRUBOBOI ARRUBOBOI
Oxumaré homem ou mulher
guia-me assim como quiser
deixa guiar-te Oxalá.
Tu que reténs o fogo
ao próprio punho
desloca-te com a chuva
conceda-me sabedoria.
Renove o meu ar
transforme minha água
quero ser místico e sábio...
quero a iluminação de meu ser.
Dê-me o dom da fala
e o enigma que vem de ti
faça-me gracioso, possuir
somente o que necessito.
Deixa-me deitar
no arco-íris teu
sê forte, gente, quente.
OUÇO ELIS
ele é o som
as horas
rola(m) pelo teto
a parede pede rede
(para embalar a preguiça)
pare de (In)ventar
medos, não dê mote
bote uma foto 3x4
no mural do porta-retrato
trate de crescer
assuma seus atos
os meus são alquímicos
os teus sabes tu os quais.
No mais, sou o mesmo amigo
o poeta que lês
sabe como é?
pois bem, até então, amém!
VAGA – LUMES
estrelas aladas
vivas. Cansadas
de estarem atadas
de um fio ao outro
do manto “celúrico”
no varal
do quintal de Deus.
Vaga-lume:
pirilampo(s).
Vaga-nume:
vários lâmpagos.
Vaga-homem:
vários homens.
Vaga-nomes:
vaga-lume.
Pirilampo
pirilâmpago
pirilâmpada
pipoca iluminada
pororoca de luz
relâmpago alado
corpo iluminado
a um toque
toque-toque-toque
vaga-luz
vago som
vaga cor
vago tom.

ENTRE UMA E OUTRA
reflexão...compor o quê?
Subscrevo-te sem rima
“cazo kê” com ela
minha cólera ou ciúme
de (vexa)me
e acho pouco
se estou solto
ou amarrado,
cuidado!
metáfora ambulante
posso fingir
estar de verdade errante
por causa dos teus rompantes
perto ou distante(s)
não importa
a porta continuara aberta
observando (ando voando)
ora (a) tua entrada
ora (In) tua saída
A HORA É QUENTE
Quase mórbida.
Um choque elétrico
desperta o homem que sonha.
A hélice azul
do aparelho que ventila
o calor, ventila a dor
do dedo eletrocutado. Coitado.
Coitado de mim que carrego
saudade de “vóstrês” ou
quatro x quatro.
Meu peito vazio.
Meu “e-mail” desolado.
Do lado de dentro calma.
Do lado de fora
uma euforia apascentada.
O telefone não toca.
Vercelli não veio-me
em forma de Ivo-carta
nem apareceu-me Aparecida
navegando em Rio Vermelho
por Deus do amor, Rudá moleque
Patrício danado ligado
“potreção” (ao invés de proteção) daquele povo
de cara-de-peixe
pinta-rola-de-fora
cinema imaginação
xamã(Zinho) verdadeiro
chama-me braseiro.
Fogo. Ferro. Selva.
Apago-me com água benta
minha atitude ativa
com atua presença...
a crença em nada nada
em nada dá licença
que eu vou a lida da luta
dizer quem é bamba-corda
de laçar pelo pêlo eriçado
de sôdade... sôdade “meus bem”
oxalá tudo bem...
pé no chão, cabeça no além
do marinheiro
dinheiro no bolso
não garante tranqüilidade
pelo contrário
sugere cuidado!

OBSERVO
as retas e as curvas
da cidade a ser enlatada...
...Observo
seu quase nada.
...Observo
as casas, as ruas
os ônibus por serem lotados...
...observo
sua solidão (me) acaba-me
Observo
o seu movimento quase parado
a sua vida vazia paralisada...
...observo
seu alheamento sem causa
Observo
atento a tudo e ao nada
a mentira e a verdade
a covardia e a coragem...
...observo
as dores
os temores...
observo, observo,
Observo
não enxergo nada
vejo, vejo, vejo, vejo
como-(o) é doce o doce beijo...
...absorvo, absorvo,
Absorvo
absorvo, observo, observo
o juízo final. “ab-servo”


ALUDIR PESSOA EU QUIS
se fiz correto não sei
o meu maestro, a maestria.
Pus o medo na algibeira
do paletó encardido
revi saudades,
tempos idos.
Propus ausência de mim
mesmo querendo presença
vinda de dentro do findo
e que foi vida um dia
um dia virá a viver...
o que matara por fora
(por) dentro não irá esquecer.

O QUE TEM
debaixo do seu sapato?
-Debaixo do sapato?
-Tem nome.
-De homem.
Vivo.
Se preciso for
o nome
doce-de-lua
debaixo do seu sapato
pobre do sapo
atado a bananeira
esse feitiço
é coisa de “fucktício”
para animar
a vida do desperdício.

PROPINAGEM
propinarão
Akira Kurosawa
salva-me a nós
desse violento malefício...
sou presa
fácil
frágil
tátil
a beira
duma besteira
na “ladeira
do suspiro”
piro
por acaso
caso
fundo
raso
não


mi
fa(z)
so(l)

si
tiver
tesão
na
voz
na
mão
na
visão.
Fosse teu
violão
(a) teu
colo
rolaria
noite-e-dia-a-dentro
entro e saio
saio e entro
entre co[r]pos
almas, vozes, pensamentos
ventos
momento
de ungüento
alivia-me a contusão
deste frágil coração

DIFÍCIL
não é dominar o homem
nem é preciso juízo final
quando o assunto cognitivo
Metafórico -metalí(ti)co
Ler-(me)te em braile é provável-
mente possível ao cego (da visão)
nem sempre é cognoscível
a maioria não t[e]v[e]
como gostarias
bem menos enxergará
a fundo profunda(mente) magia
...sentir não coexiste em academias
estar supõe-(se)r anomalia
amar não é oficio da visão
“ser é[Ra] não ter que ver
pra crer que se é”
(já que) enxergar
sem se[r] “ver”
não é absurdo
indecente é não ter
ponto de visão em si...
o tato é fato e bom
substitui a falsa visão
fornece luz
tridimensional
a escuridão
sucumbe.
A rima
é um detalhe.
LÁPIDE
lapide
palpite intrépido
pupilas
papoulas
saudade
idade indigna
vermelho
espelho espírito
lembrança viva
vivifica
a imagem ida
partida ficada
“in memória(n)”
o dom de perceber...
o éter desapegado
da imagem gasta
pela vida – não pela morte
é forte e saudosa
a sensação do que tive
ao alcance das mãos
no toque do dedo
a disposição do corpo
hoje arquivado na memória do tempo.

LEITADO NO COLO
da preguiça
leio Pound
entre carícias
de gatos alheios
brancos, pretos
suspeitados de marcarem-me
o peito
o lábio
de todo jeito
com pêlos
unhas (em) meu braço
rio e releio “Ezra”
submeto-me aos caprichos
de Merlin e sua preguiçosa
vida de felino alongando-se
expulsa-me do “puf” mordendo
meu pulso firme.
firme fruto de nervos de aço
que chora(m) de rir prazerosamente
É HORA DE DIZER
“adeus-me”
vou sem dizer onde
mandarei “in postal”
fotográfico monocor
coração partido
auto-retrato torto
melancólico
bucólico quase nada
a não ser os livros
os poemas – hidro-cores
amores inventados
rumores pendurados nos açougues
cheirando a naftalina
passado a ferro presente
remédio estriquinina
tiro o Álvaro do peito
[a bala acende a
sede
a água-ardente apaga
a vontade]
revolver
indiscretamente
vem à tona...
detona 1 x 1.
PENÚLTIMA CANÇÃO
sem vocal
sem métrica
nem afinação
cantiga-de-roda
tiro de canhão
vozes mudas
mudas vozes roucas
de paixão...febril
roupas que vestem
os sentimentos
uns puros, outros tontos
por vezes estrangeiros
disfarçados de razão
invertem os ponteiros
fingindo enganar o sábio
coração cigano
faz sofrer o homem
caído na tentação
auto-afirma sem direção
não abraça o mundo
com as pernas
nem com as mãos
pura enganação
após a última... canção.
MEREÇO UM VER[DE]
Perto celestialmente puro
flor carnal de tez rosada
quente têsa
siamesa visão
um corpo e mente
ópera operacional
rodada de corpos
cabarés París pariu
São Paulo Itália rio
samba corda-bamba
no pescoço tosco brilho
umbigo segredado
espanta
madrileña...
Espanha apanha-me
o rubi reflete humanamente
Frente-a-frente
pêlos em pelo
Encare meu apelo
cara-a-cara-de-pau
Olho no olho
do Toureiro o touro
Flamengo flameja latejante
Ora veja uma composição
Com sotaque escandinavo
Cavo fundo
Ataque ao atabaque
Guitarra grita agarra-me.
GATOS, SAPATOS E FLORAIS
Risos juízos formais
Mais menos gases
Rapazes eretos
Tetos rebaixados
Vozes amenas doces
Audíveis canoras volatas
Sol pedreira prata
Rosa carvão chinelo
Ipê amarelo dragão
Fugindo da perna
Externa restrita
Criatura branca calma
Poema zen. Rima. Texto.
Contexto. Retórica
Meta[fórica] tenção
Hai-kai tanka wanka
FOSSE MENOS
Mais tarde
A vontade valeria a pena
Ver através do olho
Da cauda do pavão
O azul sem mácula
Do anzol o torto é certo
Impondo-se retó(rico)
Fui fazer uma rima
Urinei amarelo
Comprei chinelo caneta papel
Não rima completamente só
Criança criação
Rosa-bebê-ipê
Amor Roma romã
Coração pulsa. Rima não. Rã.
DEZEMBRAIS CHUVOSOS
Longos demais amores
Vão(s) dos dedos os anéis
Fica a mão de tinta
Azul é o que se pensa
Do céu a anilino
Menino crescido
Ido de tempos em tempos
Anos seguidos a fio
De nylon marca a forma
Perde a fórmula 1, 2, 3...
De qualquer mês
Pra não gerar confusão
Bolero-lero-lero não
Enlata a rainha
Minha fonte segura-me
A mão em passeio pela selva
Amazônica agônica beleza
[sujeita a indelicadeza]
do homem que decompõe-se
no seu lugar em espécie carcomida
pela falta de tempo
para doar-se em doses homeopáticas
(não antipáticas)
ao menos a si.
Morte sem antecedente.
Imbecilmente enganado.

MULHERES – TAKARAZUKA*
Nô: homens
butôh: homens e mulheres
corpo dança do Japão
alma em florescência
o belo
o signo
Takobuko*
Amêndoas enxerga ao longe
Palco platéia camarim
Beira mar mareia
Sereia água fauna floreia
500 florais de Stravinski
espirai(s) esperança
arte de fé força bruta
docilidade idade da pós-razão
sim não então talvez
entre os dedos
falo-gigante caneta
letra por letra
simbologia viva
viva a vida vividamente
ontem hoje sempre.
Rapte do ar a sutileza
De saber tocar
Outra vez aquele beijo
Judaicamente Escariotes
Barba ruiva nunca mais
Compunha versos trôpegos
Lunáticos... fanáticos
Estáticos. Não mais
Sintomático absurdo literal...
SOL (DES)ENCARDIDO
Poluição urbana
Visão anti-humana
Trânsito stresse
Palavras...palavras...
Tempo perdido desencontrado
Tentativa em vão
Verbo adjetivo
Inúteis substantivos...
Diálogos impossíveis
Risíveis devaneios
Tolos.
Quietude não se tem
Enganos que convém
Eloqüentemente.

WAPTOKWA
[DEUS]
Bdâ [sol]
Mrm~e [palavra]
Ktabi [real]
Separkwa [mãe]
Wa [lua]
Piro [borboleta]
Kuzerã [azul]
Kunmã [fogo]
Mna [pai]
Wapte [jovem]
Arrã kdoirê [beija-flor]
Kwatbrem~i [menino]
Danr~e [bem-te-vi]
Wapte [moço]
Wakuto [vaga-lume]
Ambâ [homem]
Sinõ se [quero-quero]
Dure [outra vez]
Kãnm~e [aqui]
Krêwi [perto]
Im~e [comigo]
Sissu [juntos]
Sawidi [querido]
Siwaik~e [amigo]
Siw~e [amante]
Sawidi [amado]
Pê sê [bom]
Hê~i pê [bonito]
Hâi kbuni [vivo]
Knã [não]
Wt~esi [só]
Romwaskukwa [arauto]
Btâ krã i puszi [oriente]
Aimõvi [outro]
Wa~inõ [âmago]
Kuzerã [verde]
Sõkkrêptuize [vida]
Rowakku [vento]
Ronkuiw~e [luz].
(língua Xerente)

ÊXTASE
Coca-cola... ciclamato de sódio
“sacarose-cofeína-cafetão”
homem-fabricando-menino-crescido-ido-ficado
reto-curvo-retorcido-natural
puro-fabrincando-prazer.
Pra ser igual-iguana-hiena
Ana Maria moça
Bella-donna de branco
Calaçada de verde e terra
Vestida de longo
Efeito profundamente sensorial...
Virtualcool-loucura
Desmedida viagem
canção-le[n]ta(l)
o dentro do lado de fora
ao alcance da nota mi...
A COMPOSIÇÃO INVERSA
Contesta a falta
A ausência da forma
Confessa a necessidade
Da vontade do porte...
Vive com a mortífera
Embriagues do absurdo
Envolto em vãos
Pensamentos decadentes
E finge, finge que sente
Quando trôpego de si mesmo
Acorda de um sonho pesaroso
Descobre que nada fez
Nada mais...nada menos
Que vegetar...sem ter sido algo
Útil prático válido
Porque toda (sua) existência
Fora cômoda,
acomodadamente incômoda
Sem iniciativa...um cordato
Convenientemente como sempre quis
O tempo passa...as pessoas passam
E a gente não faz nada
Ficamos vendo a vida passar
Em preto e branco e achando o máximo.
Sem coragem de sair do trilho
De quebrar a redoma
Passar óleo peroba na cara e ser feliz.
TRANSCENDENTEMENTE
Transcende
Transcendente
Quem mata não ama
Quem ama não mata
Quem ama não mente
Também não omite
Nem em pensamento
Não fosse a tal telefonia
Eu teria dito a ti...
Toda hora...horas à fio
“o amor eficaz, ativo
amar por dentro
amar de dentro:
Amor direto forte(mente)
Amor astênico
Amor perfeito”
Perfeitamente...
Perfeitamente aceite
Esse tal atrevimento
Aceite(-me) o
Decentemente doce...
Meu leito é teu presente
Nosso direito, é sermos
Gente.
Gente que sente
Humana e transcendentemente
Você e eu, eu e você
Você, eu e tempo
(todo presente)...
quão contundente
Grambell no meu papel
Categoricamente
Faria sarapatel
Pasta de gente
Beberia água-ardente
Fugindo pra quelas bandas
De metal,chumbo e ferro
Bandoleiramente
Brincando de roda
Curtindo ciranda
Rodando pião
Na palma da mão
...o que não é novidade
em novo ou velho moço
ambiente frio-morno-quente
a gente que ronda a roda
ambientalmente...mente.
Perdoemos o inventor
do aparelho de telefonar
se quer ousou vivenciar
o meu papel machêt
via Embratel...
telefonicamente
telefonia vadia
esvazia
a qualquer momento
o sentimento
do dia-a-dia-da-gente.
Te amo
Amo-te imensuravelmente
De dentro pra fora
De fora pra dentro
...nosso amor liberta
exageradamente
de dentro pra fora
de fora pra dentro
...há quem omite
convenientemente
na gente se encaixa
diferentemente igual
igualmente(mente)
diferente
diferentemente gente
gente que sente
com ou sem as ondas
magnéticas estrategicamente
de dentro pra fora
de fora pra dentro
...da gente...de fora
par dentro contentemente...
Grambell
Respeitosamente
O amor no papel
Demora mais tempo...
A telefonia vadia
Aliviaria o sofrimento
De tanta gente...não fosse
o tal congestionamento
A monotonia
Das horas digitalmente
Não sofreria por fora
Aquilo que sorri por dentro
Quando se compreende
Que só o amor universal(mente)
Quente pode ser
“transcendentemente”
igual ou diferente...
mas...inda que imponente.
Importante.

A COR QUE MARCA
É a flor
Que encharcar-me
De cheiro de vida
De amizade
De amigo
De tudo que pode
Não pode
Ter sido...
Tirando a lágrima
Adormecida
Qual dormitou com a partida
Do pai, do filho do esquecido
Quem faleceu fora renascido
Surgiu assim querubim
Quero vida
Existe alguém além de mim
Começo, meio, fim
Fora aquilo que fora
Fora embora
Mora em mim
Um sentimento assim
Grande – disposto –
Quase sem fim
Pode não ser
Aquilo que chamam amor
Mas é verdade vontade querer
Suave despedida...


ME EXPÛS
Em demasia
Tudo outra vez
Eu faria
Principalmente
À noite no campo
Na praia concentrada
Talvez tu sabes
Que sou capaz
De bem mais
Que um passeio.
Deus sabe que sim
Doce rapaz
Quando o vi
Pela primeira vez
Percebi algo bater
E lá dentro alojou.
Agora desata
Como fio de prata
Ao luar
Para meu contentamento
Estou feliz
Aberto
Puramente...
NÃO ESPERE
Da massa concreta
A resposta do suposto monge
Que acalma os nervos eretos
Que afaga de perto, à distancia.
Essa massa
Concretamente real
Que fala
Escreve e esconde
Falar com alguém pela janela
E mantem-se por detrás do muro.
O seguro não é esquivar-se
Proteger-se é que é ser seguro
Seja noite ou dia
A massa caça
A presa frágil é fácil
E passa. É fútil
...se forte quem fica
fortifica-se nutre.

NÃO MATE
O mote...
Não esvazie
O pote
A meia lua
Novamente cheia...
Tu matas
Por fora
O que por dentro
Tu retratas.
Tu matas
Por dentro
O que por fora
Tu resgatas.
Pra que mentir
Se a verdade
É tão simpática?

QUINTA-FEIRA
Primeira
Penúltima
Derradeira.
De vez em quando
Partida
De quando em vez
Inteira
A toda hora
E a todo momento
Enfrento de frente
As vezes de lado
A solidão
E o coração perece.
As coisas acontecem
E o medo envaidece
No fundo
Há quem conteste
Ou empreste
A coragem
A fim de ser
Aquilo
que sempre
Quisera
ser e
Por um motivo
Momentâneo
Não tivera
Coragem.
LIDO COM SENTIMENTO
Sutil(mente)
Encontro-me em ti traduções
Ocultas para verbos flavos
Naufraga-me teus Martins-pescadores
Aço de seus anzóis
Rindo-me de igualmente diferenciado
Deuses meus deram-me você
Um anjo com metálicos dentes
Sem medo de enguiçar as asas...
Em pleno vôo de amadurecimento
Vê-se no espelho humano pensamento
Enredado noutro instrumento
Leve-corpo-lento alma-atenta(mente)-leve-leito
You experimentaria alquimia...tente ao
Menos compreender-me por dentro
Do Mar que és, faço-me em barco
A naufragar(ei)
Mundo adentro e afora
Rente ao batente
Arqueiro certeira(mente)
Tente...acerte-me
O telhado de zinco quente
Instale-se
Em nossos sonhos ocultos
Encantamentos neste tempo
Interiormente ausente
Sinta-me a presença
Amigavelmente presente. Sempre...

UM OI...
Me disfarço diante
Do teu sorriso de aço
Recordo-me do tempo
Quando menos que moço
De tal forma divertia-me
Ao doce movimento
Da bicicleta verde
Cerzindo ziguezague.
Meus cuidadosos
Modos grudados
No quadro móvel
Uma passagem real
Ícones e personagens
Símbolos admiráveis
Gestos incomparáveis
Sentimentos intraduzíveis
Vozes mudas
Silêncio barulhento
De tempos idos
Ficados na memória
Agora...ontem...toda hora.

FALAR
Desse sentimento
É difícil cilada da vida
A estrada é longa
Os nossos passos lentos
O caminho reto.
A amizade incondicional
O amor universalizado
O pessoal apartado. Três homens.
Um objetivo.
Muitas vidas em ação é(ter)
No coração a gratidão
Na alma contentamento
Por nossos instrumentos
Afinarem ao mesmo tempo.
NÃO SEI
O que me acontece.
Me incomoda
A tua ausência
Toda ausência é danosa.
Eu quero fazer poemas
A vida toda. A vida inteira
Preciso compartilhar
Sonhos e [real]idade Virtual de verdade.
ALGU[EM]
Movimento
A última
Antiga
Cantiga
Muda
Para
Ninar
Gente
Grande
Em
Tempos
De
Poluição
Quem
Mata
Mata
Mata
Vida.
Algo em movimento
Quem tem medo do nome
Do homem
Da lida
Da vida?
Quem vem?
Quem vai?
Quem tem
algo em movimento
De dentro pra flora
De fora pra fauna
De pássaro e vento
Defeso água piracema
Terra algo em movimentação
Movimento em algo todo
O momento todo
Todo o momento
Todo o tempo
O tempo todo
Do mudo
Algu[em] movimento
Quem ama
(a)
Mata
(não)
Mata (a) vida
Algu[em]
(Alguém)
Movimento
(Movimenta)
O homem
O ambiente.
Quem mata
Mata
Mata vida
Morre o sentimento
Por fora
Por dentro
Fica o lamento
Porque quem mata
[a] mata mata [a] vida
mata a gente que ama
mata a esperança de crescimento
elimina quem vai
desanima [quem fica]
algu[em]movimento.

NOSSA AMIZADE
É rara, clara
Como sua voz
Da sereia.
Pura como cristal
Pão caseiro
E centeio.
Clareia...
Talvez nobre criatura
Eu lhe deva
Mais que espigas
Milho, arroz e trigo
Por que não a vida?
Porque tua mão
Me é estendida.
Feito arco-íris
Para a subida, Não à descida
À chegada
Não à saída.

VAGA-HOMEM
Noite a dentro
Em companhia do vento...
Não combinam
Com o olho dourado de Deus
Quando não lua
Atua com os seus
Na estação lunática A dança da luz
Chama que inflama
Infla a alma
Ama.
Vaga vaga vaga
Vaga homem
No telhado do céu
...pisa na pedra do anel
Reflete na unha do dedo de Deus
CERTOS DIAS
Em espirais sibilantes
Horas e horas à fio
Distante, manifesta
A forma contagiante
Pura e de poder gigante
Com resultados singelos
Como gotas de orvalho E vinho
O MEU SEXTO SENTIDO
Sente-se abatido
Com os teus
Batimentos
Cardíacos encardidos
Desencadeados
Por falta de ritmo.
Fora do compasso
Passo-a-passo
Quem diria
Eu pensando
Que poderias me abandonar
Qualquer hora, qualquer dia
Isso é verdade
Ninguém duvidaria
Nem mesmo tua sarcástica
E mal fadada ironia.

[IM]PRECISO LEMBRAR
do tempo ido.
Guardo na memória
Parte da historia
Conta[da]...hoje
Como referência...
Um e outro
Ponto de partida
Chegada a hora “h”
Passado o desencanto ao encontro
De cara [por detrás
Da curva] do começo
Ao fim do mundo.
HEROÍNA
Mulher
Esposa
Amante
Teresina
Mãe
Avó
Irmã
Filha
Menina.
Teresina
De mãos dadas
Parnaíba
De baixo arriba
Te desejo
Beijos ternos
Nos verões
Até invernos
Te abraçaria
Noite e dia
Qualquer dia
Era dia
Essa alegria
Me faz rei...
Te desejo
Não com o desejo
Desejoso
Com que certos desejosos
Te desejariam
Por uma hora
Por um dia
Te desejo amor
Amor profundo
De dezembro a janeiro
Fevereiro eu te conheci
Vou te caminhar
Por entre as ruas
Contente este presente
Vem de ti
Que desejo
Beijos ternos
Primaveris
Outonos eternos
Com seu terno
De cajueiros
Estou aqui
Arruboboi Oxumaré
Homem-mulher
Como quiser
Com muito amor
Seja o que for
Te arco-íris despotou-me
Teu Parnaíba despontou-me
No Poty quantas vidas
Por um triz a esvaziarem...e
irem embora...
Quanta terra
Quanta gente
A serpente nos convida
À uma festa de chegada
Durante qualquer saída.

PRESO EU
Pela minha liberdade
Absurdamente
Do lado de dentro
No lar que nos protegem
Das intempéries
imprevisíveis]. Risíveis
por serem livres. Absolutas.
Não pude rir.
Nem tentaria.
A grade me separando
Do muro claro
Era escura.
Entre a grade
O muro e a rua:
O pássaro aprisionado
Cantarola
Em uma gaiola
Hedionda...
Suplicando
...libertard.
...Que não posso oferecer
quando me pego
pregando
suplicando
liberdade
aos povos para ir e vir
vem-me cheio o remorso.
Sinto que blasfemo forte
Ignorando
Deus absoluto...
Quando encerro numa gaiola
Um ser por si só livre
Que não constitui
Sua defesa.
SANTO
Dai-me de beber
Da tua fonte
Fecunda
Inunda-me de luz
Luz que leva harmonia
Amor verdade e
Justiça ao mundo.
PRIMEIRO O ESPELHO
Comparto contigo.
Meu amigo querido
Da janela vejo
Na tela do firmamento
Um sonho realmente
Todo tempo...
Presente.
Ausente sem causa
O show revigora
Agora saio do palco
Vou para a platéia
Conferir a prateleira
Se contém
toda aquela gente
Nas besteiras que escrevo.


A TUA FRUTA
Seduziu-me em cheio.
Achei-a perfeita:
Na forma
Na cor no sabor
Na total[idade]...das
Intenções
Ações
Visões
Conclusões avexadas
Verbo-verso-poesia
Repente
Embolada
Cantoria ontem agora
Toda hora todo dia.
Pensar... o balcão angustia
Me desfaço da espada
Abro mão da convenção
Me disfarço
Em noite ou dia
Lua e sol, harmonia
Farejo tua fruta madura
Dourada de vida...e
Desejo.
A MELODIA NOTURNA
É um alento.
O tempo passa lento
O relógio aponta
A hora tenra, o fio teso
Leva-me ao imaginário
A cantiga emudece
Meus nervos de aço.
A lágrima amarga mareja
Um olho cego
Cara[velha] veleja
Continência (a)dentro
Vela ao vento
Vê-lo atento
Velar-te anjo torto
Santo-do-pau-ôco.
Corsário pirata mercador
Contrabandeador(es)
De tantos sonhos
Na flor-da-idade de amores.

ALGO INVADE-ME OS SENTIDOS
Não sei se maus
Ou bons amigos. Alguns abrem-se em pétalas.
Final de tarde: O primeiro impacto
Arde-me por dentro completo.
Inicio de noite:
Palavras truncadas
Partidas ao meio
Um certo receio
Rodeia rodeia rodeia...
No fundo... acaba.
Fica a mascara Que guarda
O homem com prisão-de-ventre
Do xeque-mate. Quando a luz recomeça
“ascender” em mim
já é tarde... pois já botaram
uma tocha fumegante
no segredo do meu cofre.
QUERO SER
O teu violão
Pra descansar-me
No teu colo e não sair
Das tuas mãos...
Te quero dedilhando
Os meus pêlos
Como dedilhas
As cordas gastas
Da tua guitarra...
Quero ser
O seu vício incurável
Quero ser o teu cigarro
À ser incendiado
Pelo teu fogo
A amparado pelos teus lábios.
Entrando e saindo
Pela tua boca larga.
Esvaziando-me Pelos vãos
Dos teus dedos longos
Feito água purificada.
Colado lado-a-lado
Para adormecer em silencio...
Num cinzeiro solitário
À meia luz no canto
sobre o armário da sala...
MINHA LUA AZULOU
Na cor mais ardente
Projetando-me ao TAO
Horizonte longe
...o homem tange
os pássaros soltos
...o moço cuida
do filho pequeno
...a mãe prepara
o alimento sagrado
...o pai arruma
a mala para viagem
...o amante rasga
os bilhetes (dês)apaixonado(s)
e joga as chaves
por debaixo da porta.
PARECE QUE FALTA
Um pedaço
Meu líquido vira aço
Meu corpo um caco
...te procuro
e não me acho
te quero
e não te encontro
...te tenho
e não te possuo na forma exata
te tenho como algo escasso.



GLÓRIAS E ALEGRIAS
Liberdade eu te quero
Igual a mim mesmo
Meu amigo puro...
Ontem éramos um
Nem mesmo em dois
Buscando o antes
Retardando o depois
Atrás de extinguir o medo
...zem budismo...
nos convém gostarmos
um do outro é bem melhor
amém amém amém...
e como um anjo
desamparado
caiu quebrando
o meu telhado?
Instalando-se assim
Próximo a mim...
Confia(n)do
Como se fossemos Princípio ou fim...






AMORES EFÊMEROS
A gente esquece
Mesmo quando nos apetecem.
Para não sofrer
A gente desaparece
Citando alguém
Que nos mereça
Embora teça
Terça-feira
Juras de amor
Eterno ou brincadeira
De poeta ou de paixão
Que nos maltrata.
A gente mata(va)
Com um copo de água-ardente.
De repente algo mais forte
Mais forte do que a gente...
Ephemeramentemente uma cicuta
...escuta, a paixão dói mais
que picada de serpente.








ESPERA-SE
Que cada símbolo Contido neste módulo
De mistérios Ora profano ora divino
Ultrapasse os limites
E seja cognoscível Para todos
Todos aqueles Que sejam puros
De coração e de mente
Que cada verbo seja um universo
Que a riqueza esteja clara
tanto quanto a compreensão do todo
que não seja inóspita a ilha
dos condenados ao juízo final.
Que o conceito entravado,
Enferrujado, caquético,
Formal, banal, pernicioso
Politiqueiro, eleitoreiro Seja dissipado.
Extinguido Banido do planeta universal.
Que cada letra, não seja somente
Analfabética...intenta-se que alcance
Um tom profético.FINALMENTE
NINGUÉM É CORRETO.
(fim de sagrados segredos)