sábado, 2 de julho de 2011

PARA(ú)NA - Parte III




“O amor não aceita
nenhuma existência
nem deseja vida alguma.
Vê na morte, vida, e
busca na vergonha, glória”.

Glórias e alegrias
liberdade eu te quero
igual a mim
meu
amigo puro
quando ontem éramos um
nem mesmo dois
buscando o antes e o depois
pôr nós relutando o nada
gostando sim
de um e do outro sem medo
de ser flavamente feliz.

Um anjo
desamparado
caiu quebrando
meu telhado
instalando-se assim
(confiado),
grudado em mim
como se fôssemos
há muito, amigos
não separados.

Parece
que falta um pedaço.
Meu líquido
virou aço
meu corpo
um caco.
Te procuro
não me acho.
Me quero
não te encontro.
Te tenho
não me possuo
na forma quase
exata(mente) te sonho.

Como se não bastasse
a forma rara da tara
o cara some. Dispara
fico como um biruta
indivídualizo longos pensamentos.
Viagens astrais. Estrondos.
Sem nada que não componha
o cenário: guarda-roupas
cama-mesa-armário-sala
no canto um cinzeiro
solitário.

Quase
sonhei
dancei
além de mim
tu
me seduzindo
curtindo
sei lá
(motel)
te quero sempre
presente de Deus
com tudo
sem nada
encima tu sabes
como é a fé
faca amolada
acreditando que somos
camaradas.

Senti
saudades de ti
pequei?
Errei?
Indeveria?
Não me conduza
ao caminho “certo”.
Faça-me feliz
(mente) à beça.
É o que quero
pra ti
isso que interessa
e bastar-me-ia um
pequeno ou grande gesto.

Sonhei
sonhei
amar nem se fala
te amo como jamais
alguém ousou no mundo
amar.
Nem sabes das dores
que senti no (ventre) fundo
não importa, amei, amo
o que resta?
Diga com verdade
sejas honesto
não promovas o meu sofrer
nem fale...
o que seja indigesto
nos daremos uma chance?
Nos sejamos aquilo
que nunca envelheça.

Tua presença
me seduziu
teu amor me completou
aqueceu-me do frio.
Queria ser atleta
andar de bicicleta
correr milhas e milhas
as mais certas
não pude...
cai de quatro
no chão que é tudo
te adorando
cada vez mais.
Não fosse assim
estaria eu
não me bastando
de hora em hora
me danando
sorrindo, sofrendo, amando.

Te
quero
não sei como.
Te amo
homem a homem.
Sem danos.

Nunca
disse
que o amava
e daí?
Se o fizer
deverei agradecer-te?

Esse
nosso
imenso amor
nunca foi
pouco.



Não
quero saber
das pessoas
o que pensam.
Interessa-nos
o que é uno.
Quem sabe perfeito.
Errado.
Direito.
Torto.
O que (não)
importa(ria)
é nosso contentamento.
Mesmo neste mundo louco
nosso amor
nunca foi pouco...
nem torto.
Nem morto.
Nem morto.
Nem torto
Torto.
Morto.


“O
HOMEM
QUE
ME
CONQUISTEI”.
...GRÁVIDA
A LUA
MENS-
TRUA...
“ou o homem avança
e encontra grandes dificuldades
ou mantém-se quieto,
alcançando a realização.
Favorável
se você consultar o sábio.
(I Ching)”




Sabe lá
o que é,
se ter inspiração
(e) ter que pô-la
no cartão magnético?
Sabe lá
o que é,
fazer sexo internâutico
sujeito ao vírus
do isolamento opcional?
Só lamento
ter perdido a viagem
a lua minha
ou sua
por procuração
chove não
dias melhores virão
podes crer
vai chover
quero morrer
de rir...

Beldade
Que vontade dar-te
um beijo
maluco louco beleza
graciosa coisa gente...
se pudesse o levaria
pro meu quarto
e contaria(va)
o quanto me agradas
que nem mesmo os degraus
da Candelária
aguentariam
pois pra dar
o que tenho é tanto
que te farias meu arco
e escudo flechar-me-ia
ajudo a suportar essa separação
quem sabe só pela distância.

Justapostos
nossos ossos
rubis de nós
nossos lençóis
azeviche sós
meu corpo
sobre o teu
corpo
sobre o meu
corpo
sem voz...
tua boca
na minha língua
afiada
na tua louca
alma de luz...
homem ama
homem ama
homem ama
homem sim
que belo
é ser homem
do princípio
meio
fim
nossa pele
machucada
sobre-cama
cetim
pele pura
seda dura
fica dourada
no encanto
de Pequim
queixa
gueixa
deixa pra lá
samurai
assim.

A sua presença
é forte
seu porte seguro
não Caio
a sorte um pulo
um toque
um rock
de ti um beijo
parti(n)do
com gosto de gente
perfume que fica
no corpo
na alma
na mente
humanamente
pense repense
o cheiro que marca
a sua presença
sustentaria
não fosse o medo
da pirataria.

Nossas caras
escondidas
esse amor contido
a gente tão distante
embora não hajam montes
poderemos inventá-los
e no seu pico bem alto
faremos amor sem maus tratos
sonharemos com a terra
do jeito que ela é
nossa riqueza
casa de pau a pique e sapê
pique-níquel pra quê?
Passaremos a compor
e a entender
que viver neste mundo
tanto meu quanto seu
só quem sabe pode ver...
basta-nos crer na vida
“homenmente” crescer.

Caso
ele
queira um
poema...
amor[talhado]

Angelicade...
pelo meu amor
de homem
para homem
homem a homem.

A Gente
nunca pensa
que quer
quem a gente
pensa ser
a gente que
a gente pensa
nunca seria.

Insisto
fazer poemas
rimas não se vê
bem-te-vi
ave encanta
suas verdades fortes
enfrenta perigos
magia de fadas
coragem amiga...
não abandone os sonhos
quando estes não se realizam
tornam-se meras fantasias
efêmeras.
Que essa data
se repita
que possamos festejar
sempre...
aniversário sem presente
a gente aguenta
agora,
sem amigos
dói demais.

‘‘Há Gente
que se acha condenada
a viver estupidamente
somos condenados
a ser felizes’’
(chamalu)*


ARREPENDIMENTO
não mata. Entristece. Arrepender-se, só daquilo que não se fez. Quem sabe... quem sabe quantas vezes se deixa de fazer algo? ... não. A vida é puro contentamento. É sol. É água. É mar. A vida é linda. Labuta. Luta. A vida é para quem sabe viver. Portanto não há do que se arrepender... tudo já era contentamento. Puramente. A fila não causava nenhum sacrifício. Queria ser sacrificado. Ali. Que saco. Esperar tanto tempo. Numa fila. Para quem sabe cometer um “crime” que não deixe vítima. Nem pista. Que caixa lerda. Garanto que se fosse eu demoraria mais. Ou menos. Lá estava ele absolutamente azul. Outra vez. Outro azulente. Comendo-me com os olhos.
Estrategicamente. Me encabulando. Eu? Gostando. Um calafrio. Do calcanhar a nuca. Nunca. Quanta emoção. Turbilhona-me os pensamentos. Invade-me as incertezas. Um punhado de vontades. Horizontes de possibilidade. Um rio de desejos...olha ele. Cada movimento é calculado. Espreita-me. Sem suspeita alguma. Nem sacara antes. Quem era? De onde viera? Com tamanha discrição ele se aproximara. Astuto homem. Caso pensado? Tremendo desembaraçado. Olhos de gato. Punhos de aço. Que nome teria? Atrever-me-ia? Ora quando? Falamos sem constrangimento inicialmente. Bom sinal. Menos mal. Ora falando do calor. Quando não do atendimento. Com moderação. Não era de bom tom, difamar o ambiente da gente. As coisas iam andando. A fila não. Que tortura. Um favor. Um olhar. Uma flor. Um calor... uma coisa no ar. Não sei falar. Nem calar. Não sei nada. Ainda bem.
_Que nome tens?_ Sem titubear
_Bluente. _ Inquirindo _ E o teu?
_Orfeu. Respondi. Ele riu. Consertei sem jeito... o que havia quase estragado. Entreguei de mão beijada. Orfeu riu da rima. Eu ri do riso de Orfeu. Já éramos dois homens (In)comuns. Qualquer uns. Caminhamos até o meio-fio. Quase não falamos nada. Éramos dois amigos. Um pulo nos correios. Amigos postais? Uma vista ao trabalho. Apresentou-me aos amigos. Fomos para sua casa. Almoçamos acompanhados da preguiça. Como se tivesse um motivo a mais para viver daquele jeito. Nos braços um do outro sentimos a sensação gostosa, de não deixar de fazer o que se queria. No momento. Sempre. Exatamente da maneira escolhida. Foi amor. Não importa que clandestino. O sol atreveria num cooper pelas ruas convergentes. Passamos a tarde juntos. Lá fora gente que ia. Gente que vinha. Um poema sem trabalho. Em pleno 1o de maio. Carcará(lho)...malho perna abaixo e acima. Como quem anda sem destino. Pobre menino velho. Crescido a ferro e chumbo. Não sabe onde vai... Brasil ou Paraguai? Parecia cabeça ôca. Choca. De todas as maneira. Sem eira nem beiral. Para onde quer que fosse(mos). Libertard! Levava consigo um mundo de desconforto. Por ser livre. Claro. Evidentemente. Em seu cérebro rodopiava, um esférico anel de aço. Uma girândola talvez. Qual nada, agulhadas fortes. Insistentemente, deixava Libertard agoniado. Cioso. Ansioso. Querendo livrar-se daquela encômoda amotinação, grunhia ruidosamente. Debatia como peixe no anzol. Reaprendera a rezar. Sabia que só a roda do Des[tino], iria definir o que haveria de ser feito: um transplante de cabeça. Recauchutagem completa. Um poema esquecido. Um hai kai despercebido. Uma libido de lobo [no cio]. Um pouco. Um todo. ...Pra que falar? Interpelar? Questionar? Racionalizar? Não seria melhor chegar? Estar? Ficar? Permanecer? Sem tortura. Dor? Sei lá... medo? Quem sabe fosse um devaneio? Tudo que há de estranho ao estranhar que se queira a Solidão solta.
Presa. Os dedos longos corriam os pelos quase macios do corpo jovem. O homem se mantivera quase o mesmo de tempos idos. Trazendo na alma algumas desilusões, que em nada afetaria os seus sonhos de menino. Seus fetiches de quem sonhara com orgia, esvaiam-se... Olfato. Paladar. Tato. Visão. Sentimentos. Bons ou não. Narinas nervosas... vão ao longe buscar o olor das maravilhas do Caribe. As filas. Os ônibus. Aviões. Sugestões. O sabor frenético... sente os dentes em riste. Insiste e conserva a erva da Eva . O tato de Adão... em mim longe daqui. Narinas. Meninas. Marinas. Malinas. Ingenerosas. Cor-de-rosa. Choque. Branca cheirando a flores de loteria esportiva. __Quantas vidas você tem pra me tirar? Quantos egos você pode explodir? Quantos deuses há no céu, ou no mar? O teu preço eu não pago. Eu sou rei. Ou plebeu? __ por não valer não pagarei. Pra me enganar ou me segurar-te. Não importa. Meu amor é ouro em pó. Não importa. Não importa. Não importa. O céu se fecha em nuvem e se abre em mar. A média luz a dançarmos... um par de canalhas em dó maior. Num tango brasileiro trivial. Nada de estrangeiro patriarcal. Estou triste. Qual poeta tomando banho de bica. Com suas crises existenciais. Vergonhosa[mente] entristecido sem motivos. Ora, bestiais falsos motivos reinventados a força. Os quais quase quero forçar-me a ignorá-los. Quanto mais tento suprimir tal emoção fortemente ela insiste permanecer latente dentro do peito da gente. Esse decadente estado de espírito de porco, anula o lado que reservara, pro desapego. Quero gôzo e gozo de rir... pra onda de pureza rebelde, que até então fazendo-me continuar só, insiste, decididamente. Eu só. Quase só. Só. Um vulto no meu caminho. Outro mundo em minha vida. Quase esquecido. Luz dos andes a me despir. Mais gente no hall do meu teatro. Feito Andaluz ou pirilampo nos campos do prazer. Nossos olhos saltam para se cruzarem na noite alheia e fria...(Baixa fria). O que há no meu peito não se explica. Só entende aquele que sente. Cada passo que arremesso não meço. O que faço é sentir. Te querer. Te amar, suponho ser capaz de suportar sem desengano. É como subir o himalaia. Pra que falar ao corpo o que nossas almas sentem? A cara metade da luz quem saberia? Não invade. Cuidem coração de moleque. Um pileque na praça. Um santo bêbado. O cu do santo é um espanto. Um poeta. Dois poetas. Três poetas. Duas damas. Um vagabundo. Cinco fregueses. Há por aqui algo de paixão. Sei não... sei... pra que falar ?Vamos sentir um no outro? Pra que sentir se podemos phoder? Não, o Manoel do bar da esquina. Pergunta idiota. Resposta cretinamente repentina. Era uma hora qualquer de um dia santo sem nome. Anônimo. A programação cultural estava esperta. Aberta aos amantes do vento. Da lua. Da rua. Da minha. Da sua... minha alma atua. Não era um conto de fadas. Mas alegrava qualquer olhar... por mais pragmático que fosse. O teatro uma obra de arte contemporaneamente bela. Invejável. Prática. Artística. A obra é de uma arquitetura esculpida em monoblocos vazados. De modo que a edificação das paredes, ia formando figuras exoticamente geometrificadas. Sensuais. Sexuais. Fálicas. De uma sutileza enorme. Do ponto de tudo ficar harmoniosamente puro. Nada profano. Profundamente acalentador. O humano penetrava e saia daquelas paredes de fibras recicladas magistralmente. No centro das paredes frontais, que se encontravam em desalinho fino e bom gosto, causando inquietação pela sobreposição de uma na outra com um equilíbrio dos anjos, arcanjos e querubins, dois homens entrelaçados... numa espécie de “69”. Mais discretos e sóbrios que um anjo qualquer nu. Eles estão mais humanos. Próximos. Unidos. Resguardados. Despreendidos. Desvencilhados um do outro, pela magia do movimento. Do gesto, apenas a lembrança. Arte pura. Um balet carnal, sem mácula. Sem mal. Sem tal preteção. Verdadeiro. Atual. Natural. Espontâneo. Humano. Nas laterais, corpos alados. De homens e mulheres nus. E sós. Pessoas amando. Fazendo amor. Cenas de sexo grupal. Cenas sutis. Casais héteros. Homos. Lésbicos. Pênis erectos. Afetos. Carinhos. Bocas... beijos longos. Um colosso. Por fora e por dentro. Por cima e dos lados. Abaixo. Lugar encantado. O palco é acima dos espectadores. Da frente ao fundo da platéia. Invadindo um pouco o hall de entrada. Cortinas multicoloridas. De um fino tafetá. Como se fosse de um veludo branco mesclado com fios de ouro, prata, e seda pura... deixando tudo furtacor. Laser. Um faixo de raio laser ao terceiro sinal, cegando todo mundo. Não podia ser o primeiro sinal. As cortinas não se mexeram. Deslizaram como num sonho parando atrás da última fileira. Isso acima de nossas cabeças ôcas. Tudo era convergido para o centro do palco. Víamos como que através de um espelho. Uma tela cinematográfica, mas real. Um ser de têmporas douradas deslizava... em movimentos zodiacais.

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