sábado, 2 de julho de 2011

PARA(ú)NA - Parte I

DESPEDIDA EM DOR MAIOR
Esta é uma experiência. Insistentemente a vela saltou do alto do armário. Implorando exasperadamente que ateasse fogo em seu pavio. Curtíssimo, por sinal fechado ou aberto. Mas existente. Não foi possível entender bem porque. Nem havia preocupação com aquele detalhe chinfrim. Se bem que vê(la) tem lá seus encantamentos e desencantos também. Mas é quase tudo igual. Quando se trata de dor. Este texto que haveria de ser interpretado no palco ou nesta arena sem leões. Questionando a ausência da vela. Naquele caso a vela era algo a ser manipulado. Por Deus. O personagem. Quase selvagem. Mas vê-la assim de perto. Branca. Amarela pelo azul da chama. Debaixo para cima... em torno do pavio enegrecido pelo fogo é fogo. A vela... contudo branca. Amarela ou não é símbolo de glória ou derrota. Quando se obtém uma graça, graças a Deus, acende-se uma vela. Comemora-se com vela e cachaça as trapaças da idade da pedra lascada. Glória! Quando alguém do bem nem tanto assim do mal. Vela na mão. Iluminação espiritual. Na solidão. Dependendo da ocasião...do objeto da fé e contrição... óh! instrumento fálico. Sádico. Orgíaco. Ferramenta de prazer e satisfação. Em ambos os casos, tem-se velas para todos os gostos e gastos... crenças, descrenças e paladares. Em vários tamanhos e cores, perfumes, formas e cortes... o negócio é deixar a imaginação vê-la de acordo com a capacidade de cada um. A vela no palco... da tampa do vidro de “helmanns” deixa sua chama de fim de milênio... tentar seduzir-me com seu balé cinematográfico. Ponho-me a observá-la. Ela a levar-me para vê-la... pensando em garantir um mínimo de qualidade de vida. Nem que seja para morar subterraneamente no interior do estado ou não a fim de congregar um número grande de pessoas, que nem mesmo assim conseguirá suprir a sua falta. Falta um pedaço de ti em mim. Meu dentro padece. Sem contar que a minha história mal começou. E se não começasse? Era mais que normal...
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...Num divã vermelho em forma de cruz, feito em tubos de aço revestido pôr uma tela áspera, um “cristo” “semi-nu”, de beleza “angelicalmente” sedutora, roubava a atenção dos convidados. Causando inquietação e desejo em alguns dos presentes. Chegavam a dissimular que olhavam apenas as obras de arte. Esculturas lineares gigantes. Compondo poeticamente um ambiente diferenciado. Queriam mesmo comer aquele par de pernas a mostra, humanamente no ponto. Bebiam “wisqui” importa(n)do pouco com o valor. Os olhos não saiam do ator(mentado) pelos bichos papões. Não era pra menos. Guri de 18 anos, l.80m de altura, 75kg, bem
distribuídos num corpaço de pura saúde e vigor físico. Cabelos negros nos ombros brancos causava aos menos acostumados, frisson, estranheza, um certo desconforto. Isso era para um outro momento. Agora era a arte que deveria ser aproveitada...






[ É SABIDO
que
um dia os sinos do silêncio
anunciarão a liberdade]
[AO SEU TEMPO]
até porque


“Há tempo de nascer, de morrer,
de plantar, de arrancar
(o que se plantou)
de matar, de sarar,
de destruir, de edificar,
de chorar, de rir, de se afligir, de saltar,
de gosto de espalhar pedras,
de juntá-las, de dar os braços, de se pôr longe deles,
de adquirir, de perder, de guardar, de lançar fora,
há tempo de rasgar, há tempo de coser,
há tempo de falar, há tempo de calar,
há tempo de amor e de ódio,
há tempo de guerra e de paz.”
“EU não me envergonharei de
saudar ao meu amigo,
não me esconderei de sua presença:
e se me vierem males por amor dele,
sofrê-los-ei.”
(Eclesiástico 23:31)


Quando não se sabe o real significado da vida, é o momento de cometer as maiores imprudências. Esquece-se que [a vida é frágil e o ser humano um afoito. Quando não estúpido]. Louco para aproveitar a vida. Em sua quase totalidade. Sem medir conseqüências. Esquecendo sempre de viver-se bem de bem com a própria vida. Para que as pessoas ao nosso derredor possam aproveitar-se desse “bem-bom viver.” Sugere-se cautela para que não se maltrate a quem se ama. Se ama, não maltrata. Principalmente, se ama de verdade. Sem a menor necessidade de matar ou morrer. Mas permitir-se ao amor. A vida. __Degenerado__ acharão os pudicos esse amor visceral. Que terminou por consumir dois jovens em idade tão próspera... embora díspares, tão uníssonos éramos ao mesmo tempo. A tragédia de uma vida em efervescência, decapitada pelo cutelo da falta de bom senso. A história é experimentada por Odyug que ama Naner. Uma história de amor, nascimento, vida e morte de dois homens que aprendem a suportar as dores do amor. Escondidos das chegadas e das partidas, enfrentam com entusiasmo o mundo canino. Tentam ser fortes e o mundo coopera para que o aprendizado sirva de exemplo para quem quer que possua amor de verdade para dar, sem querer nada em troca. Não fosse bastante, a provocante canção entoada pelos protagonistas. Por se tratar de algo tão singelo. Infantil. Com a pureza e a beleza de quem possui um coração bondoso.
... Ao remetente. Um “x” ocupava o quadrado que antecedia a palavra “falecido”. Utilizado pelo correio... em forma de carimbo. A temperatura subiu. Os batimentos cardíacos de Odyug aumentaram consideravelmente. Ele abriu os portões do casarão apressadamente deixando-os entreabertos. Abrindo uma segunda carta, também destinada a ele...





Anúarap, 25 de janeiro de l999.
Oi Odyug Green,
Sei que uma notícia dessa não se dá por carta. Mas não encontrei outro jeito. E acho que você como amigo de Näner deve saber. O Näner foi assassinado em Edrevoir no dia 06/01 com 6 tiros. Hoje está fazendo l9 dias que ele morreu.
Para nós, o pesadelo continua. Os dois homens pegos em flagrante estão presos. Mas ninguém diz nada. Estamos desesperados. Estamos precisando de ajuda. O delegado não quis nem nos receber.
Parece que estão ganhando dinheiro para abafar o caso. Estamos muito abalados. Parece que o mundo caiu sobre nós. Até! Um abraço.
p.s.: Odyug, só te escrevi porque sonhei com o meu irmão Näner me pedindo para pegar sua última carta e guardar. Imaginei ser um aviso para que eu pudesse ver o seu endereço. Ele te amava e estava se preparando para ir ao seu encontroem Samlap, onde vocês iriam morar. Por hoje é só, um abraço da amiga.
Ass.: Amara Flap
p.s.2.: segue alguns poemas que estavam na agenda de meu irmão. Estão conforme você os fez. Veja se lhe interessam. Se eu fosse você faria deles um livro. Não entendo muito bem disso, mas gostei. Para meu gosto, acho que são bons.
Assina: Amara.








Odyug transtornado com a notícia da morte do amigo, não teve disposição para ver do que se tratava. Nem se tinha algum valor literário aqueles textos, provavelmente escritos em momentos puramente passionais. Lágrimas agridoces lhe inundavam o rosto, a alma e o coração pela saudade do que havia vivido juntamente com o seu amigo querido. Para Odyug todo aquele sofrimento era poesia, ainda que trágica ou cômica. Guardou os escritos sem nem mesmo revê-los, iria lê-los em um momento mais oportuno. Naquele exato momento sua vontade era apenas chorar. E ele chorou como se chorasse para lavar toda aquela lembrança dolorosa.
__ Idiota. Idiota. Idiota. Idiota! Quatro vezes idiota. Näner, como você foi burro. Deixando a vida esvair-se pelos vãos dos teus próprios dedos. Assim, em pleno janeiro. E Eu? Como é que eu fico? Meu sentimento não conta? Viúvo. Eu viúvo. Viúvo de um amigo por inteiro__ Odiug esbravejou. Feito louco em momento de lucidez, ainda que temporária.
Tentou chorar e não conseguiu. A varanda comprida serviu de cenário para rememorar o tempo que estiveram juntos. Mesmo separados. Sorriu mordazmente, sem saber o porque. Fez perguntas a si mesmo buscando respostas e encontrou em seu peito chagado, um vazio. Olhou ao longe o sol que se punha e agradeceu a Deus por ter encaminhado tudo de acordo como era pra ser. Da forma que deveria ser. Agradeceu muitas vezes a Deus pelo amigo que sucumbira brutalmente assassinado, deixando em seu coração um buraco do tamanho do mundo. Odyug não agradeceu por ter perdido o amigo, mas, por reconhecer que Näner fora mais que um amigo. Não só um amigo, fora mais, fora sua motivação para a vida. Ele tinha certeza que não se daria outra vez um encontro carnal entre eles. Porém espiritualmente, a lembrança seria constante, e não teria nenhuma forma de apego, pelo contrário, Odyug faria o possível para conscientizá-lo do acontecido, de forma que a dor seria transformada em suave satisfação, ao invés de descontentamento.
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QUANDO SE PERDE É QUE SE VÊ, A FALTA QUE SE FAZ...
Insone, a noite convidava a sair. O carro parou, foi encarado por outro.
Atravessou a rua, seguira encaminhando-o ao balcão tocando seu corpo, alma e coração...Quanta
emoção, o mundo e a vida apesar da lida parecia que por nada ou hiper-tropia lhe sorriam...
até parecia do destino grande ironia. Não havia tristeza nem descontentamento...menos ainda desalento.
Lamento pra quê? Na terra e no céu era só um e o outro
seu coração debutava adolescendo em festa triunfal, páscoa, reis, carnaval.
Tudo parecia não ter início nem fim ai do querubim bochechudo isso era tudo que sempre esteve afim... cegou-se para os outros homens, mulheres, amigos... até mesmo para si próprio.
O cupido safado após tê-los flechado correu, fugiu, dos dois enamorados...Coitados.
Quatro dias após o vigésimo quinto de contorção, não resistiu e ao local do crime que não deixara vítima banal, fatal, letal... Retornou-se um príncipe. Um deus, um rei, não estando por perto o homem
que amara desde o primeiro encontro, as lágrimas rolaram... por fora sorriu levantou a cabeça ... suspeitou decepção enfrentou... interpretar felicidade desmedida com a boca encardida de cigarro falsamente festejou... enquanto investigava. Ir embora, ele não teria ido... ele àquele que o enlouquecera feito ópio, heroína, haxixe, peyote observei... Para aquele que acredita a felicidade existe e insiste... titubiou e de repente a sua frente: Ele. Um verdadeiro príncipe. Um rei. Inventado porque gosta. Não contendo o emocional, de satisfação chorou.
Mirou no brilho verdejante daquele par de olhos, refletindo neles foi seduzido desarmadamente e sem escapatória.
Os deuses lhes reservaram uma grande vitória sobre todas as batalhas. Essa história esteve sempre escrita pelos desertos da vida. Nas chegadas e saídas, nos sofrimentos das lidas. No claro e no escuro. Nas casas e nos muros. Nas paixões, ilusões... nos dissabores de certos amores... no barco da calmaria. Fechara o bar sem hipocrisia. Era deles a festa, àquela fantasia esperada. Um bar. Um bay. Um buss. Os pés na estrada... Adeus solidão. Lá foram, do Lipa ao ribeirão. O grande Musa. Os aguardava a morada dos nobres amigos seus. Acolheu, os aquecendo do frio. Protegendo-os dos homens de sentimentos estragados. Amarrotados. Sem cerimônia se tocaram sendo observados. Sobre o apetitoso corpo escanifrado e carente...por um minuto repousaste. Deixando sobre o seu ventre o visgo do gozo gostoso. O qual não tornou a ser o que fora. Agora era outra hora da noite ou do dia. Eram 30 dias. seu homem sumira de medo que lhe revelasse os segredos das marcas dos ágeis dedos. Dentes... e falo do seu dentro. Entre encontros e desencontros, essa solidão nem quisera ser doentia. Vieram a estar juntos na mesma cama. Numa mesma moradia. Onde o triste era alegre e o feio bonito. Fogão de lenha era elétrico. Carvão pura purpurina... nada mais que homens. Moças não tinha por perto. Meninos. Bichos, passavam fazendo reverência. A paixão foi. Indo embora, o amor foi se instalando entre juras e promessas de não mentiras. Foram desnudando um ao outro. Agora a espera do reencontro reestabelecera. Haveria de ser mais que humano. Mesmo que antes, tenhamos deixado cartas e poemas. Aquela gente sempre imagina(va) uma viagem pra China. Pro Japão. Uma temporada na Europa. Grécia, que encanto. Vênus, um disparate. Mesmo que ocultassem tal amor-paixão não se discutiria o brinde. Vinho. Conhaque. Cerveja. Vermute. Satisfação aparente. Era noite. Ligação direta. Nada. Cadê o combustível?
Já não chorava de raiva. Foi embora. Agora que chovia. A pé...seu mais novo companheiro, era o que de mais nobre acontecera desde que tinha rompido com o medo. Parece que foi ontem. Devolveu seu altruísmo e acalmou-se com um olhar de rabo-de-olho. Homem. Menino. Amigo. Dos momentos bons e dos sofridos. Puro gosto. Como quem gosta de abrigo.Sentia-se aquecido do frio e da solidão mesmo com o sumiço do outro. Do mapa. De casa. Do mato. Da fazenda. Do campo de concentração. De alguém quase desconhecido. Seu melhor amigo. Corre perigo. Após tantos planos seria corrompido. Seqüestrado pelos dentes. Pelo umbigo. Seu ponto preferido. Quisera morrer consigo. Talvez o destino não seja tão bandido. Deus traga um coringa escondido na manga sem perda de sentido. Começa a sentir cheiro de despedida. Um gosto amargo de separação. Uma sensação de saudade. O coração dói. A alma contrai. A lágrima amarga cai. Seu mundo inunda. Seu pensamento é permanente. Toda hora. Minutos e segundo a sua vontade. O tempo todo... ele é um rei vagabundo. Ele é um rei vagabundo. A chuva molha o caminho estreito e nada se curte. O corpo meio mole. A fuga enlouquecera o telefone que fala baixo e rouco. A enchente da hora. Não fica quieto. Desespera-se, corre. Corre e chora. Chora outra vez.... separou-se do bem querido. Quem sabe para nunca mais. Talvez... foi e não voltou. Agora vê diferente. Por horas a fio de luar.
Está contente. Feliz da vida. Estar juntos, toda a vida. De bem com ela e a espera.
Ele ama aquele homem. Com ou sem nome. Não se envergonha de nada.
...Está felizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfeliz felizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfelizfeliz[....] Bem mais que companheiro de um homem que é todo encantamento. Por um tal amigo seria capaz de todo tipo de loucura. Não só juntos. Um dia distantes para solidificar o que se pretendia. De repente o nosso sair do norte. Para rioverdejar do lado de lá fazendo arte. Letras e poemas. A torto e direito. No campo. No bar. Em algum lar. Leito. Peitos. Pele. Sérios. Disfarces de todo e qualquer jeito. Aquela gente mesmo não sabia que tal alegria estava quase ou não correndo risco. Em xeque-mate. Pela falta de dinheiro. Para um ligeiro pulo de gato. Que os colocasse em paralelas. O irmão e colega. Mesmo mais moço. Foi o homem que deu motivo para ser renovado. Amando antes de tudo. A partir do momento que tornassem atados. Cúmplices. Agora os dois. Mais nada. Só Deus. tudo ou nada. Senão nesta, então na semana outra vez em quando novamente pudessem ser entregues um ao outro. Não seriam. quem saberia responder, qual de dos dois seriam encantados. Um boto de olhos verdes. Pele aveludada. Não há como fugir de própria emboscada. Que tem o preparo de um anjo, daqueles bem intencionados. Só para os ver juntinhos. E assim ser lapidados. Com a obrigação de um banho. Passados por várias águas. Por dentro e por fora. Por trás e dos lados. Aprendizes por Deus postos na trilha. Acima de qualquer suspeita cheios de amor. A conclusão tão esperada, “imensamente amarams”. Ignorantemente sem aceitação. Sábio era evitar danos que atrapalhasse planos futuros. Uma pena. Maus tratos sem dó nem piedade alguma. sabe lá o que é isso? Uma pergunta que deveria ter no mínimo uma resposta. Ouvir uma voz que alegra-lhe a alma. O corpo resfolega em gozo.
É gostoso. Não adianta é glória.Hoje. Amanhã. Ontem. Toda hora. E agora? Há quem chore. Bem, o que se quis queira sempre. Noite. Adentro ou dia não a fora. agora não ir embora, ser tresloucado e louco, coitado. É pouco, gostar do moderno e do barroco, do lúcido e do doidivino. Da Patativa e do macuco. Do pife e do truco patife ladrão de namorado. Cuidado. Quando rouco gargareja poejo com água e sal amargo ou não. Por tudo que quer espere. Pouco ou muito por qualquer assunto. Abdicar e lutar. Pois a morte não é luto. Para quem vai ter que ficar. O que significa esse entrosamento... um quase casamento. Por não seres o homem eleito. Não importa não ser completamente perfeito.


Parir esta canção
a ferro fórceps
para que durma
teu coração
e nele repouse
ames para abortar
a solidão.
Que anos a fio Só consumiu!
Só restou
quem conheci em abril.
Adolescer foi uma saída
que custou caro.
Até agora tenho vivido
das lembranças do passado
de quando nos conhecemos.
Óh! Engano cruel!
Não quero nem posso
viver de recordações
estou aqui vivo em pele e osso.
Providenciando um aborto
para aquilo que poderia ser nosso filho...
o nosso futuro.
Talvez seja melhor
que eu siga meu caminho
sozinho, procurando alguém
que ponha um fim a essa solidão;
que ficar masturbando esse sentimento
como fermento para essas criações.
É melhor que sigas com quem lhe mereça
antes que eu me engasgue com um caroço de manga.
Ou aconteça um suicídio sentimental.
E eu deixe de ser. E passe apenas a estar.
Errei.
Além da conta.
Vê se apronta
um misé-en-scène.
Quero repetir.
Acerto(s).
À Álv(ar)os corações
Botei a cara no espelho
vi de perto o certo
o errado o correto o liberto
de amarras
de piçarras
não pare.
Pense
um momento a forma rara
cara jóia.
Amizade claramente
Mergulhada na estrada de um “Sonho meu”
vai buscar quem
mora longe... perto ou distante...
meu bem.
Me queira na esteira
na calçada na estrada.
No cascalho na areia.
Ao luar
nos “enchuvalhando” de luz.
Por prazer de ser do mesmo naipe.
Tapa-me a boca os teus lábios.
Até o fim do ato.
Prato cheio. Farto. Certo.
Coração em pedaços.





PERSONAGEM:
Cansei...Basta de cortes avulsos.
Primeiro no pulso esquerdo.
Depois no direito e
não bastasse, no escuro.
Sangue nas veias não correu.
Era julho. Desapareceu.
Você. Ficou eu.
A paixão morreu
o homem que morria
em mim. Reviveu.
Não esqueceu o que abril
prometera. Sofrera.
Nem mesmo assim
morrera. De homem
para homem, tua sedução
não passou de brincadeira.
O tempo cuidou de mantê-la
viva. Não sinto vontade
esquecer. Rememorarei aquilo
que um dia nem chegamos a ser.




AUTOR:
Guarde tamanha vaidade
esmagadora. Esse humor grosseiro.
Tão falsa falta de compreensão
para quem te dá dinheiro
Cobre-te de ouro-de-tolo.
Em fim dá pra quem direito
Apenas o que lhe pertence.
Respeito. Por inteiro.
Paciência... há quem queira.
“ser assim
porque quis
ser sincero - verdadeiro
ser feliz
porque fez
ser ator
por amor a arte
de representar
o lado lúdico da história
da memória acesa
sobre a mesa de jantar
a luz de velas, amarelas
ao vê-las vermelhas
flamejantes no ar”.
Chegastes
Sem pedir licença
instalando-te,
feito um frágil furacão
atropelando a alma e o coração
deixou sem jeito
que perdeu-se a calma
por alguém há de beber
álcool, cicuta e metanol
cortar os pulsos
se atirar do carro
em movimento
não comer
nem o pão que o diabo
tem com o rabo amassado
não que não queira.
Não tem sobrado.
Condenado a masmorra
Liberta o quanto antes
amar não é pecado
socorra, antes que morra
um ser humano enlatado.
Que nada. É hora de mudar.
O momento exige coragem
ganhar ou perder
é uma luz a mais.
Tudo que começa termina,
O que vem, vai
O que nasce, morre
O que ri, chora...
O que chega vai embora.
Embora doa muito ou não
a despedida, é hora de minha ida.
“proutra” lida, outra vida...
cada um segue o seu destino
homem menino aprenderá a desprender-se
daquilo que acostumamos
nem sempre amamos.
Queria eu compor
um novo poema mudo.
Não posso. As cordas
vocais relutam em dor maior
um nó desata no peito meu
nessa corda comprida
que é a vida, ficam as marcas
as cicatrizes de uma triste
trágica despedida.








Falo
sinônimo
gostar de homem
é gostar de si mesmo [que pequeno]
falo no homem
gostar da força
do nome
da forma
da fome
do toque
da pele
do pêlo
do peito
do gesto
do jeito
do beijo
da boca
do bote
do porte
do aconchego
do homem
do falo
da igualdade
do tato
da seguridade
do ato
do fato
do direito
de homem pra homem
não há disputa
competitividade nem alarde
agrada o tom
da fala
no quarto, na rua...
a sua é minha
arma[dura]doura...
os meus são teus
segredos com o homem
gosto dos nossos corpos
unidos, justaposto, grudados
por rimas desconexas.
Eu queria uma vez passada...
agora quero a tua liberdade
é chegada a hora
de valer mais
de merecer
ser mais feliz
já não morre de elefantíase
no coração atrofiado
amar é algo doutro mundo
que aos poucos me acostumo
querer por perto não basta
precisar de alguém
que não seja covarde
que queira de verdade
por inteiro
não pela metade.
Deus deu o dom
de ser livre e solto
que bom...
quem saberia um dia
compreender esta lida
de vinda e de ida
chegada e saída
como um anjo
bem menos encardido.
[agora não mata
fantasmas]
nem afoga-os
num copo de rum
aquele personagem
danado e profano
desapareceu
por enquanto dói
saber que amar
é bem pior que morrer.
[um tiro no escuro]
O que sinto por dentro
não se revela por fora
garanto-lhe ter havido melhora
não sou aquele homem que chora
para causar piedade
sou o mesmo homem
só que menos covarde
te amo para o meu próprio
contentamento até o momento
exato. Caso tu não reconheça
e te esbalde noutros braços
ou me maltrate, não, não direi nada
calado, arrumo os meus trapos
e parto. Carrego comigo
o sonho que sonhamos juntos
de eternos amigos amantes.
Mesmo que eu não vá para Amsterdã,
Milão, China, Croácia.









Aquilo que doía
hoje sorri o que sinto é
um distanciamento
no momento nem desalento
o coração palpita a vida renasce
as dificuldades se dissipam
aumentam as possibilidades
agradeço teço um poema
sem pena de mim sem medo do eu sozinho.
“Kami no shinobe
Ai o toki
Jihi satossu tote okanai no
Tomonawazareba hama no matsukaze.
Ooinaru
sukui no miwaza ni tsukae matsuru
hitokosso ooki kokoro motekashi.
Hito kouru
Atsuki kokoro no arite kosso
Inoti made mo Kami o kou nari”
(Se pregamos o amor e aconselhamos
a misericórdia, sem a prática, nossas palavras
são como o sussurro do vento nos pinheiros.
Quem se entrega a grandiosa obra Divina da salvação
precisa ter um coração muito amplo.
Possuindo um ardente sentimento
de amor ao homem é que se consegue dedicar a vida ao amor de Deus).
[QUEM QUER ENTENDER O DESTINO, TEM QUE SOBREVIVER A ELE.
(Jostein Gaader - O Dia do Coringa)]


Particularmente acho despedida um luxo só. Vejo nessas ocasiões, oportunidade de reencontro. Quando não com outrem, consigo mesmo. Tudo bem que a saudade existe, mas só para quem sabe ter. Tudo definido. Domingo Naner viajaria. Tudo ou quase tudo estava pronto. Exceto dinheiro, que no momento era o que mais preocupava Naner e Odyug. Pois estiveram juntos quase três meses. Experimentando uma vida a dois por dois. Baseada em pura amizade. Mas com todos os ingredientes de uma relação mais íntima.
Naner, bem mais moço que Odyug, aproximadamente a metade da idade, afinou-se ao amigo de tal forma, que já era quase impossível viverem um longe do outro. Mas onde estavam, era impraticável manter uma relação segura, bem como estabelecer moradia. Residiam na morada dos nobres, retirada do centro urbano da Ladeira do Suspiro. Mesmo com toda simpatia, que a morada dos nobres oferecia, havia um certo desconforto, pois quando saiam para resolver pequenos ou grandes negócios na cidade, corriam sempre o risco de perderem tudo aquilo que construíram com tanto afinco. Dias desses, quando retornaram, haviam arrombado as porta, as janelas, tirando pequenos utensílios domésticos e coisas do tipo. Preocupados com tanto desrespeito, invasão de privacidade, decidiram por mudar de moradia e construir algo mais sólido. Com certeza em terras próprias. Terreno menos árido.


“Naner,
sei que um poema não basta
mas o que posso dar por hora, são versos...
que farei (sempre) de bom grado
creio que com isso agrado a Deus e a ti
pelo menos isso...além da tentativa de tê-lo amigo
sempre ao meu lado.
Muito livremente - Obrigado!
Assina: Odyug.


AUTOR
Tu és
uma constelação
no meu céu.
Um veleiro
no meu oceano...
se não me engano
motivo de minha luta
que me faz forte, capaz
de enfrentar as disputas
combater os adversários
derrotar os rivais
tendo-os nos meus carnavais.
Tu és meu anjo da guarda
de cueca Samba-canção
saliva de minha boca
chama da minha fogueira,
água de mina que sacia
minha sede louca
clareza de minha visão
mais que amigo ou amante
meu irmão mesmo que acordes tarde
e descubra o tamanho
do amor não em vão e decidas pôr ter-me
no primeiro plano do teu coração
não te acanhes me abrace então.

PERSONAGEM
A Liberdade
haverá de ser
nosso elo de união
ontem, hoje, amanhã
sempre... por que não?
Te quero da forma que és
mudá-lo para quê?
Que tu mudes
conforme queiras
que me aceite
por dentro das algibeiras
do jeito que sou
te amar não me custa
ter-te, é um pouco menos
fácil ou difícil, complicado?
Não importa... .
Te amar é uma dádiva
te quero e nada cobro
só peço lealdade.



AUTOR
Houve uma época
em que acreditei te pertencer por inteiro,
não fui o último nem o primeiro.
Te mereço a maior parte do nosso tempo.
Não que eu me conforme com a forma
admito a liberdade principalmente com verdade.
Talvez eu mereça tua presença por esse tempo
quero merecer alguém completamente
o tempo inteiro... todo tempo.

PERSONAGEM
Tudo pronto
algumas pessoas
cadeiras vazias
os livros competiam em mesas solitárias.
Nos altos do palácio ciosos instrumentos
sopram canções saudosistas.
Artistas ambientais a espreita...
os vultos da literatura a esta altura por chegar.
El niño de vermelho e azul atrapalhando um cão
que caminha com intimidade pelo ambiente opulento.
Em fim sentados. E agora? Esperar a hora “h”...
dei um nó na ponta da toalha e outro na muralha.
... No meio do fim, no começo do meio
um sol imenso. Não penso.
...Renitentemente, alcançara o seu reconhecimento.
Como poucos artistas. Aquele momento era só dele.
Ter sido capaz de conquistá-lo foi justo.
Dignidade, suor e lágrimas.
Noites quando não totalmente insones, mal dormidas.
Mas lá estava ele. Altivo. Elegantemente nobre.
Numa humildade exemplar,
conversava animadamente com seus convivas.
Até certo ponto havia uma curiosidade
com relação a tudo que ele manipulava:
peças, copos, movimentos, gente...
era como se não acreditassem
naquilo que viam a frente do tapa olhos.
Não que ele não fosse capaz.
Suas sensibilidades extinguiram...
a coragem do “homenino” assustou a todos.
A figura frágil de espírito forte
expunha a todos sem piedade.
Marcava um a um
como se marca boi no curral.
Arrancava a máscara de cada um ali, ao vivo.
Teatro interativo dava vida às formas de aço
com maestria e louvor. Aquecidas com cores frias
ou calientes, fracas ou diferente... à tudo que parecia
letárgico. Tragicômico.
Seu vernissagem um acontecimento.
Ladeira do Suspiro não foi mais a mesma
desde aquela noite.
O anjo pelado com cabelos negros
seduziu homens e mulheres sem piedade
o que gerou um frenesi daqueles.

AUTOR
Exatamente
como o previsto
pelo moço de modos impróprios,
tudo tomou forma nova.
Uma nova herança era solicitada.
No teatro, na musica, no dia-a-dia,
na trivialidade da vida havia acontecido
uma melhora, mesmo que ninguém
alem de cada que havia mudado
percebesse isso. uma luz como um raio de sol
adentrava cada ser sem dar trégua.
Os amigos. Muitos. Curiosos. Saudosos.
Todos em sala de aula holística do professor
Vulcano... foram apresentados aquele homem
que passara um enorme tempo distante.
Renitente mirou em Azulente
e então tudo passou a ser um novo experimento
que seria marcado pela ignorância
da maioria dos filhos daquela mesma terra.
Santo Suspiro.

PERSONAGEM
Palmas
Palmas
palmas
De peito aberto
te quero por perto
Dago aberto
fechado drago
abro-(me-)te
trago saquê
trigo Tibét
Capriquário
Aquiles ‘aquilo
monte(s) umbigo
visão nexo
plexo sexo tesão
de longe se lembra
de perto se sente
homem a homem
assim se entende.

AUTOR
Não é fácil
humanamente dolorido é
ver que não se verá mais
alguém que vira um dia
ser nossa fúria e alegria.
Que amor é esse
que desatina sem doer
e essa dor
que nem pensa
em doer?
O que se passa
no dentro da gente
enquanto se inventa
fugas fulgazes?
Tantas perguntas
para (quase) nenhuma
resposta.
A certeza está na viuves
que me amotina. Me atira
contra a mentira.
Me revelo sem subterfugir
expondo-me na medida permitida
a fim de manter sabida
minha afeição e garantir
eximia união.
Ou não.
Desde que amigos.

PERSONAGEM
Sobre os meus lençóis
Dorme
um menino crescido
amigo sim. Obrigado!
Cuidado eu tenho
de muitos. Cuidar eu quero
(de) muito mais. Poucos
entenderão. No momento
rapazes são capazes
energizando-me. Ouça-me
com rima rouca. é pouca
ou louca?
Enquanto indago
aberto de corpo e alma
acalmo-me por fim
fito o fim da rua.
Ainda sobre os meus panos
repousa um ser humano
inda que tarde do dia
alegria imensa me atravessa
o pensamento. O momento
me oferece um homem
menino que dorme.
Não para substituir
aquele que me deixou.


AUTOR
Ontem foi o meu dia
e o de muitos outros
... aos poucos a gente
se sente artista. A plástica
envolve de repente
por fora, tão logo por dentro
elementos, componentes
moradias, acampamentos
num campo de batalha
não existe mortalha
de cetim. Ai de mim
pensei num velório concorrido
pouco simplório onde ainda
mesmo que os convivas fossem
apenas obra de arte.
Quadros, esculturas, figuras
desenhos, estampas, caricaturas
em tela, madeira, pedra, aço
plástico, papelão, tecido, fibra
lata, retalho. No barulho do
baralho espalho fone de ouvido
aos montes carmelitanos.
Agradeço ao pai nosso
que estais no céu sem pressa
ou demora... a vela está acesa
e eu velo o sono encantado
do poeta que dormita.
Canto para embalar a vida
canções verdes
que tu avistastes ao longe
num abril que me abria a alma
abrindo-me o peito direito
esquerdo e meio...
Imponho as mãos e cicatrizo
a ferida. O corte. A chaga.
A marca da morte súbita.
Estúpida. Inominável.

PERSONAGEM
Me deu saudade
que invade o peito
direito esquerdo
(volver)
de todo jeito
enviuvei-me dum querubim
fiquei de asas quebradas
dolorido por dentro
aparentemente por fora
escondido... mesmo.
Não bastasse
esse sufoco - louco orfiquei
sem pai, sem amigo
correndo perigo
por aí
com um buraco
no coração.
“Eu não me envergonharei
de saudar meu amigo,
não me esconderei da sua presença:
e se me vierem males por amor dele,
sofrê-los-ei.[eclesiástico - 22/3l]”

... agora estou bem.
Bem melhor que antes.
Melhor que o ano findo.
Melhor que o mês passado.
Melhor que ontem.
Burilei o dentro
agora compreendo o fora
e o mais puro sentimento.

... o dentro
chora sufocado
o fora
interpreta felicidade
inventada.

...quero dormir.
Não acordar
para permanecer-me
em teu sonho.

... um troço
aqui dentro me aperta
pareço acertado
em cheio
rapidamente.
Cadê o cupido?


... A ampulheta mostrava a areia fina formando uma pequena montanha de grãos, presos em uma redoma de vidro. Que arte difícil esta, a de mesmo em sofrimento aparentemente medonho oferecer-se em utilidade ao próximo.
O jovem Odyug pôs-se a refletir sobre aquele sentimento, enquanto remexia nos guardados. Eram tantos. Papel de bombom que ganhou de Naner em seu aniversário. O rótulo de uma cerveja com um poema no verso. Uma carteira de cigarros com o desenho de uma montanha em formato de uma taça, feito por Naner. Pequenos presentes com valor estimativo apenas para Odyug.
O envelope pesado que fora antes ignorado, estava desbotado mas em perfeito estado, sem rasgado algum, apesar de tantos solavancos que fora submetido, durante as viagens de seu fiel depositário.
Odyug abraçou o envelope e jogou-se na cama com um profundo suspiro. Respirou fundo e sentou-se em posição de lótus e começou a examinar página por página da agenda, que estava como havia deixado naquela época no Ribeirão do Lipa. Ele havia prometido ao seu amigo escrever um livro ao menos dos poemas que fizera. Jurara que seu desenho seria a capa. O Segundo grande amor de sua vida merecia como uma espécie de prêmio ou reconhecimento...
Em sua mente, parece que se fazia uma espécie de túnel. Que ao modo de seu cérebro, projetava enfileirados um após o outro, os painéis com pintura abstrata. Conforme ele caminhava ia deparando com aquelas instalações plásticas. As placas mediam aproximadamente cinco por três metros de altura. As imagens eram impressas em chapas de cobre, o que deixava tudo magistralmente encantador. Ao todo um total de 30 obras, das quais o leitor apreciará apenas 01 delas. Uma tela gigantesca, ainda que não na forma original, será possível ter ao menos uma noção do primor que foi o caminho para se chegar aos poemas, dispostos da mesma forma, num livro gigantesco para satisfazer o ego daquele ser apaixonado.(Aqui interrompo a primeira parte de Para[úna]).

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